Em audiência pública marcada pela emoção e principalmente, pela revolta, familiares de sobreviventes e vítimas da boate Kiss entregaram à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, na manhã desta quarta-feira, dois ofícios com demandas relacionadas à saúde e aos direitos humanos.
Nos documentos, a Associação dos Familiares e das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) pede justiça e acompanhamento médico e psicológico. Os papéis foram repassados, em mãos, ao presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, deputado Valdeci Oliveira (PT), e ao representante da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, deputado Pedro Ruas (Psol) - que se comprometeu a cuidar do caso também em seu gabinete.
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- Nós buscamos a paz. E ela não virá sem justiça plena. Pedimos ainda que prossigam as ações voltadas à saúde, porque a nossa dor continua - afirmou Sérgio da Silva, presidente da AVTSM, em tom de indignação.
Os familiares dizem entender ser natural o processo de desarticulação da rede de apoio (mais forte no início) com o passar do tempo. Mas reclamam ter recebido medicamentos vencidos e arcado com gastos em tratamentos e internações hospitalares superiores ao que podem pagar.
Eles pedem ainda que famílias que não são de Santa Maria, mas de várias outras regiões do Estado, também sejam contempladas nesta retomada do atendimento médico e psicológico. Presidindo a audiência, o deputado Valdeci Oliveira se comprometeu em reunir órgãos ligados à saúde nas esferas municipais, estadual e federal a partir da próxima semana.
Presidente da associação cobra punição dos responsáveis pelo incêndio:
Também se pronunciaram duas representantes da ONG Familia por La Vida, que reúne familiares de vítimas e sobreviventes da tragédia na boate argentina Cromañon, em 2004, que deixou 194 mortos.
Segundo relatório apresentado pela coordenadora de saúde da ONG, Lila Tello, 18 sobreviventes se suicidaram após o incêndio na boate em Buenos Aires. Além disso, segundo ela, são "incontáveis" os casos de depressão, fobias, sentimento de culpa e doenças provocadas pelo gás liberado com as chamas. Diante disso, a organização frisou a importância do acompanhamento em relação à saúde dos familiares e sobreviventes.
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Por volta das 11h, o diretor jurídico da AVTSM, Paulo Carvalho, que teve seu filho morto na Kiss, iniciou a apresentação da cronologia dos fatos após o que chamou de "massacre". A fala teve início com um vídeo que reunia fotos das vítimas. Bastante emocionada, uma mãe que acompanhava audiência gritou de um dos lados da sala:
Tragédia em Santa Maria
Familiares de vítimas da Kiss pedem apoio médico e punição a responsáveis
Em audiência na Assembleia, associação solicitou acompanhamento psicológico e lembrou de caso semelhante em boate argentina
Bruna Scirea
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