Comunidade de Cazuza Ferreira e Juá está triste com dificuldade de anexação a Caxias

A possibilidade cada vez mais distante de anexação de Cazuza Ferreira e Juá, distritos de São Francisco de Paula, a Caxias do Sul frustra os moradores das localidades, que reclamam situação crescente de abandono. Na quinta-feira, foi com grande desalento que as comunidades comentaram a notícia de que sete juízes e desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) votaram contra a realização de um plebiscito que decidiria sobre a separação ou não das áreas de São Francisco de Paula e consequente ligação a Caxias. Juntas, somam mais de 1 mil quilômetros quadrados.

- Fazendo uma comparação, foi como perder alguém da família. Nos jogaram um balde de água de gelo - chorou a aposentada Vicentina Munereth Rossi, 68 anos, segurando a mão do marido, Elmo Rossi, 76, moradores de Cazuza Ferreira.

Vicentina estava nos dois ônibus que foram a Porto Alegre acompanhar a votação na noite anterior.

- Eu senti um desânimo, uma frustração, eu tinha esperança. Eles (juízes) não conhecem a realidade - lamenta.

A realidade de que Vicentina fala é de falta de assistência médica, péssimas estradas, abastecimento de água por poços artesianos e educação precária. Para se ter uma ideia, estudantes de Pedra Lisa, que pertence a Cazuza, caminharam 42 quilômetros na semana passada para protestar contra a falta de transporte. Felizmente, Estado e prefeitura chegaram a um acordo depois de o Pioneiro mostrar o drama (veja na matéria ao lado).

Apesar de Cazuza pertencer a São Francisco, gente como Margarida Francisca da Silva Ribeiro, 77, vai ao médico em Caxias:

- Meu marido é deficiente e meu sobrinho vem de Caxias de carro para buscá-lo. Não gostei nada dessa decisão aí - disse, triste.

- Ah, a gente não sabe o que pensar. Agora vai ficar muito mais difícil. Se não sair (a anexação), acho que as coisas não vão melhorar. Aí o jeito vai ser levantar acampamento - completa a vizinha Ines Lisot Somensi, 54.

Para os moradores de Juá, a o sentimento é o mesmo. Em Apanhador, localidade que pertence ao distrito, a maioria das cerca de 30 famílias sente as carências.

- Não dá mais para andar nestas estradas e, às vezes, ficamos sem luz. Eu queria a anexação - reclamou Natálio Alexandre Borges, 70 anos.

- Alguém precisa fazer alguma coisa por essa vila - protesta a moradora de Apanhador Marlene Fabrin, 62, abalada com a notícia tomada pelo TRE.

Por outro lado, Maria de Lurdes Guimarães Santos, 73, também Apanhador, tem outra visão:

- Entendo a situação de quem mora bem lá perto da igreja de Juá, mas aqui no Apanhador é mais tranquilo - pondera.

Apesar da decisão do TRE, a anexação de Cazuza e Juá ainda não está totalmente descartada, pois é possível recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).