Quem já recebeu a conta de luz referente ao mês de janeiro já percebeu: o preço da energia elétrica é de deixar o cabelo em pé. E é bom preparar o bolso, foi só o primeiro de três aumentos que devem ocorrer ainda em 2015. Nas projeções do presidente da CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, o reajuste da companhia pode chegar a 45%, considerando a alta da bandeira, a correção extraordinária de março e o reajuste anual de outubro.
O executivo sabe que, com tamanho choque nas contas, o consumidor será ainda mais exigente em relação à qualidade do serviço prestado, por isso diz estar empenhado em reduzir o que chama de "assimetria" entre o tarifaço e o nível de satisfação do consumidor.
Aumento extra na conta de luz pode chegar a 26%
Na semana passada, a CEEE foi uma das 19 distribuidoras chamadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para responder por dados considerados abaixo do aceitável de um conjunto de indicadores, como duração e frequência de interrupções. Conforme Pinheiro Machado, a empresa vai elaborar um plano de recuperação em dois meses para alcançar o nível exigido em até dois anos.
O principal fator de aumento na conta de luz será o fim do aporte do Tesouro Nacional à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), encargo embutido na conta de luz e que até o ano passado era pago em grande parte pelo governo evitando que fosse repassado aos consumidores. Agora, essa cobrança volta para tarifa. É da CDE que sai o dinheiro para pagamento das indenizações às companhias geradoras e transmissoras de energia que aceitaram renovar as concessões em 2012, em uma tentativa do Planalto de reduzir a conta em 20%.
Cada companhia de energia tem um reajuste específico porque o cálculo para aumento de tarifa leva em consideração, entre outras coisas, a situação financeira de cada uma delas e os prazos dos contratos estabelecidos com o governo.
O que gera os aumentos expressivos nas contas de luz:
FALTA DE CHUVA
Clima está seco no Sudeste e Centro-Oeste há pelo menos dois anos. Juntas, as duas regiões respondem pela maior parte da geração do país. Com reservatórios em níveis muito baixos, foi necessário acionar em potência máxima as termelétricas- muito mais caras.
RESERVATÓRIOS MENORES
Construção de reservatórios menores em novas hidrelétricas - para reduzir o impacto ambiental - acentua a dependência da chuva. Hoje, o nível mínimo permite geração de energia por cinco meses. Décadas atrás, era capaz de suprir a demanda por até cinco anos.
DÓLAR ALTO
Devido a um acordo com o Paraguai, a produção de energia da usina binacional Itaipu, dividida entre todas as concessionárias que atuam no país, é negociada com base no dólar. Quando a cotação da moeda sobe, a tarifa também aumenta.
REDUÇÃO FORA DE ÉPOCA
A redução no preço da luz, em janeiro de 2013, foi considerada precipitada por especialistas. O anúncio foi feito quando termelétricas estavam em funcionamento. A energia mais barata incentivou o consumo em período de seca.
FIM DA AJUDA DO TESOURO
Com as contas apertadas, o Ministério da Fazenda anunciou o fim de subsídios ao setor elétrico. Na previsão orçamentária de 2015, era estimado um aporte de R$ 9 bilhões às companhias de energia. Sem o apoio, o custo de geração é repassado ao consumidor.