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Nomeada secretária adjunta do Turismo, Esporte e Lazer do Estado nesta terça-feira, a miss Brasil 2012, Gabriela Markus (PMDB), reage com naturalidade aos narizes tortos que encarou desde o anúncio da sua nova atividade.
- Sou da tese que defende: "Deixa a pessoa trabalhar" - diz.
Derrotada nas urnas em outubro para uma vaga na Assembleia Legislativa com uma votação que considera expressiva (26.324 votos), Gabriela se dedicou no segundo turno à campanha de José Ivo Sartori (PMDB). Passadas as eleições, começou a participar das reuniões de transição do novo governo no grupo de turismo - interesse que culminou com a indicação de adjunta na pasta comandada por Juvir Costella.
A partir de março, terá de conciliar o cargo no Executivo com as aulas da faculdade de Políticas Públicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), à qual teve a solicitação de transferência interna aprovada após cursar e desistir da área de Engenharia de Alimentos. Confira, abaixo, o que pensa Gabriela sobre as críticas sofridas e seus planos para a Secretaria do Turismo, Esporte e Lazer.
De onde surgiu o seu interesse pela política?
As pessoas ficam bem surpresas pela escolha de uma menina que foi miss de participar da política, mas, a partir do momento que começam a se inteirar um pouco mais do meu passado, do meu histórico familiar, já não ficam mais tão surpresas assim. O meu avô era da época ainda do MDB, meu pai já foi vereador por três mandatos em dois municípios diferentes e, hoje, meu tio é prefeito da cidade de Paverama, onde morei até meus oito anos. Então, a família já tem um histórico político muito forte, que eu desde pequena acompanhei. Foi algo que foi crescendo comigo, que se tornou mais natural. Claro que o concurso de miss me proporcionou novas experiências, mais conhecimento sobre o nosso Estado, sobre o nosso país, e isso tudo fez com que eu tivesse ainda mais vontade de auxiliar e de tentar colaborar de alguma forma com a política do Estado. Acho que foram etapas que correram de uma maneira muito natural.
Desde o anúncio, a sua nomeação tem gerado uma série de reações. Como encara essas manifestações?
Como a nomeação saiu hoje, ainda não tive muito tempo de dar uma lida nas redes sociais. Mas, enfim, críticas sempre irão ter. Na campanha, já sofria isso por ser jovem, por ser mulher, ainda por ter esse título de miss Brasil. Não dou muita bola para isso. Acho que as pessoas se preocupam mais com essas críticas do que propriamente eu. Como já falei, peço às pessoas que tenham paciência. Se daqui a meio ano não estiverem gostando do meu trabalho, aí sim elas têm direito de reclamar. Mas estou ocupando um cargo para o qual fui convidada, tenho que assumi-lo com muita responsabilidade e mostrar o meu trabalho, correr atrás, me cercar de pessoas técnicas, de pessoas do grupo. Tenho certeza de que vamos fazer um bom trabalho.
Por que acha que a sua nomeação foi alvo de críticas?
Li uma entrevista do ex-governador (Antônio) Britto, que falou: "o problema não é quem está dentro, o problema é quem fica de fora". Toda a vez que se nomeia alguém, outras pessoas serão contra. Isso vai do pressuposto de que não tem como agradar a todos. É claro que, talvez, as pessoas me vejam como somente uma ex-miss, mas, por trás disso, tem alguém que estuda, que faz uma faculdade federal, que já teve diversas viagens, que já morou em dois países diferentes. Trago uma outra bagagem que, talvez, não seja a bagagem que as pessoas conheçam a fundo. Nada melhor do que o tempo para mostrar que o meu trabalho será feito da melhor maneira possível, e o que a gente puder melhorar será feito.
Acha que é preconceito?
Acho que é muito cedo para as pessoas demonstrarem opiniões tão negativas. Acho que não foi feito nada de errado para que as pessoas possam criticar. Sou da tese que defende: "Deixa a pessoa trabalhar". Depois, a pessoa tem o direito de reclamar ou não.
Então, é preconceito por não conhecer o seu trabalho e, assim mesmo, criticá-la?
É, acho que as pessoas se precipitam um pouco. Se me conhecessem, se conhecessem o meu perfil, o meu caráter, já me respeitariam de outra maneira. Mas, enfim, não levo isso ao pé da letra e tenho certeza de que vou mostrar com o meu trabalho e fazer essas pessoas mudarem de opinião.
Qual a sua ligação com a área para a qual foi escolhida?
Na parte do esporte, sou ex-atleta. Ainda continuo jogando, jogo vôlei toda semana. Meu irmão, inclusive, está embarcando nesta madrugada. Ele joga basquete nos Estados Unidos. Então, a gente já tem um certo conhecimento das dificuldades que existem em relação ao esporte dentro do nosso Estado e do nosso país. Essa questão de variar um pouco as modalidades é algo que quero colocar em pauta. Em relação ao turismo e ao lazer, acho que tem tudo a ver com o meu perfil pelo fato de ter essa sensibilidade de ter passado por vários Estados do país, de já ter visto algumas diferenças por esses 16, 17 Estados que tive a oportunidade de conhecer.
Na sua opinião, quais são os principais atrativos turísticos no Estado?
Acho que nosso Estado é recheado de diversas localidades. Eu venho de uma região que é de colonização alemã, do Vale do Taquari, o que nos possibilita conhecer muitos lugares diferentes dentro de um só. Não gostaria de citar nenhum em si para não levantar nenhum tipo de preconceito, já está bem polêmico o nosso caso (risos), mas o que posso dizer é que vamos trabalhar em todas as regiões do Estado porque ainda temos muito a explorar. Vamos fazer isso de maneira muito consciente e saudável em todas as áreas.
Quais são as ideias que irá sugerir para a pasta?
Estamos em reunião ainda. Hoje, como é o meu primeiro dia, estamos com tudo muito novo, mas tenho uma reunião com o secretário Juvir Costella e iremos decidir juntos os principais assuntos que vamos abordar, também juntamente com o setor. Vamos conversar com todas as regiões do Estado para que, juntos, possamos definir de que maneira iremos atuar daqui para frente e dar seguimento aos projetos que já estão em andamento.
* Zero Hora