O golpe que seduziu o paulista Diego Alves da Silva, 20 anos, e o manteve por seis dias em cárcere privado em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana, é mais um dos casos em que o mundo do crime se aproveita das redes sociais para fazer vítimas. Nesse caso, o início se deu com um convite de amizade no Facebook.
O jovem, morador de Hortolândia, no interior de São Paulo, foi adicionado por Taís dos Santos Machado, 18 anos, há cerca de dois meses. De acordo com Ireno Schulz, titular da Delegacia de Nova Santa Rita e responsável pela investigação do caso, Taís é enteada de um dos criminosos mais conhecidos da região: o traficante Alex Custódio, que está sob investigação da polícia em função de um assassinato.
- Começou então um namorico por Facebook. Ele disse que a mãe dele era empresária, o que deve ter despertado ainda mais a gana dos criminosos, e foi convidado por Taís para passar o Réveillon com ela em Porto Alegre. O jovem se entusiasmou, pediu para a mãe comprar uma passagem de avião e veio - afirma Schulz.
Quando desembarcou no Aeroporto Salgado Filho, às 21h30min de 31 de dezembro, Diego foi recepcionado por Taís, que veio acompanhada de um tio, conta o delegado. Diego teria suspeitado de que se tratava de uma cilada assim que entraram no carro e foram se afastando de Porto Alegre em direção a Nova Santa Rita.
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Ao chegar no Loteamento Popular do bairro Berto Sírio, onde a jovem mora com a família (o padrasto e a mãe, Michele Soares Custódio), o jovem teria sido recebido por quatro homens armados e colocado dentro de um pequeno e escuro quarto, onde ficou nos seis dias seguintes.
- O local era um cubículo, imundo. Diego ficou sob os cuidados da mãe de Taís, que era quem autorizava ou não a jovem a levar comida para ele. Ficou sem banho e contou que rezou durante todo o tempo em que estava lá - conta o delegado.
Diego tinha um celular, a partir do qual teria tentado, por diversas vezes, contato com a família em São Paulo. O sinal, no entanto, era fraco no cárcere. O jovem conseguiu completar a ligação e conversar com a mãe somente na noite de domingo, repassando informações sobre seu paradeiro e dicas de como procurar os envolvidos no Facebook. Os criminosos perceberam e lhe tomaram o celular.
- Deixaram o menino fedendo naquele lugar por seis dias em uma tentativa de despistar. Quando tivessem a certeza de que não seriam descobertos, eles certamente entrariam em contato com a família pedindo dinheiro para a liberação do garoto - afirma o delegado.
Com algumas informações na manga, a mãe do jovem então acionou a polícia na tarde desta segunda-feira. Cerca de uma hora depois, Diego foi libertado por cerca de 10 policiais civis. A mãe de Taís estava sentada junto à porta da casa e foi pega de surpresa pelas três viaturas. Michele e a jovem foram levadas para a Penitenciária Feminina Madre Pelletier, em Porto Alegre. Schulz deve pedir nas próximas horas a prisão preventiva de Alex Custódio, que está foragido.
De acordo com o delegado, após prestar depoimento para a polícia, Diego foi levado para o aeroporto, de onde pegou um voo para casa. Zero Hora tentou contato com o jovem, mas não teve retorno.
* Zero Hora
Seis dias de cativeiro
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Diego Alves da Silva, 20 anos, conheceu adolescente no Facebook e foi convidado para passar o Réveillon em Nova Santa Rita
Bruna Scirea
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