
Com o desempenho fraco da indústria, a crise argentina e o preço da soja na descendente, as exportações do Rio Grande do Sul fecharam o ano passado em US$ 18,7 bilhões, queda de 25,5% em relação a 2013, mostraram dados divulgados ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). A comparação foi, ainda, prejudicada pelas plataformas entregues à Petrobras em 2013 e contabilizadas como exportação. Para melhorar os números em 2015, a esperança está no patamar mais alto do dólar, o que melhora as condições de competição dos produtos gaúchos.
Projeções da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) indicam que, caso as condições de mercado não se deteriorem mais, as exportações poderiam chegar a US$ 19,4 bilhões em 2015. No quadro mais otimista, encostar em US$ 20 bilhões. Além do real menos valorizado, a recuperação da economia dos EUA, segundo maior mercado do Estado, é outro fator positivo.
No setor do tabaco, a alta da moeda americana, especialmente se for mantida na metade inicial do ano, traz um pouco de ânimo para reverter a queda de 18,7% dos embarques no ano passado.
- A maior parte de nossos contratos são fechados no primeiro semestre e assim poderemos oferecer custos mais competitivos para os nossos clientes - diz o presidente Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindTabaco), Iro Schünke.
A visão é compartilhada pelas fábricas de sapatos, que ano passado venderam mais pares para o Exterior mas viram o faturamento estagnar em US$ 387 milhões.
- A desvalorização do real deve fazer com que cresça um pouco em faturamento e volume - confirma Igor Hoelscher, assessor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
Balança comercial tem primeiro déficit em 14 anos
Para o economista Guilherme Risco, da FEE, o ano pelo menos não será de fortes oscilações. Os efeitos das barreiras impostas pela Argentina e a própria crise atravessada pelo país vizinho não devem voltar a impactar os números de 2015 no cotejo com o ano passado, assim como as plataformas. As estruturas sequer saíram do Brasil, mas em uma operação fiscal foram contabilizados como exportações de US$ 4,7 bilhões para Panamá e Holanda. Se fossem excluídas das contas, a queda dos embarques do Estado seria menor, da ordem de 8%.
Fonte de boas notícias nos últimos dois anos, o campo terá contribuição ainda incerta. A tendência é de mais uma safra cheia, mas a dúvida vem da receita com a exportação devido à cotação da soja, carro-chefe das exportações gaúchas.
- Vai ter quebra em alguns lugares do Brasil e isso deve melhorar os preços - avalia Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras & Mercado.
Se as cotações forem pelo menos semelhantes ao ano passado, a chance é aumentar o volume embarcado. Maior cliente da soja brasileira, a China já anunciou que terá apetite para elevar as importações em 2015, lembra Roque.