A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) pediu reintegração de posse à área ocupada por estudantes. O pedido foi entregue às 18h desta segunda-feira (22) e, segundo o texto, tem meia hora para abrir a porta e 24 horas para deixar o local. Os alunos prometem que não irão sair. A UFPel irá analisar o caso, para ver como deve agir - se irá usar força policial ou não.
Os estudantes ocupavam apenas a reitoria há seis dias, mas nesta segunda (22) ocuparam também a parte administrativa, como forma de falar com o reitor Mauro Del Pino, que desde o começo das manifestações não tinha conversado diretamente com os manifestantes, apenas encaminhado uma comissão de diálogo.
O reitor convocou uma coletiva de imprensa para explicar que a ocupação prejudicava o trabalho da Controladoria Geral da União. Hoje era o primeiro dia de apuração de uma auditoria externa do órgão, que necessita de documentos que estão dentro das salas ocupadas. O CGU deve investigar bolsas de estudo distribuídas entre assessores do reitor – assunto que já foi destaque na Gaúcha.
Os alunos pedem por entrega imediata da licitação de nova casa de estudante. Segundo documento entregue pelo próprio reitor, na última ocupação, a expectativa de ter lançado o documento era março de 2014. Com seis meses de atraso, a nova promessa é agora até o fim deste mês.
A manifestação começou depois de uma reunião com a reitoria na casa de estudante. Os alunos não ficaram satisfeitos com as argumentações do reitor para a demora na entrega da licitação:
- Nós reunimos nove pautas quando a reunião foi feita, todas as respostas que nós obtivemos foram imprecisas. Eles não nos responderam. O Mauro Del Pino, o único dom que ele tem é de enrolar e de deturpar o que os alunos pedem – acusa a estudante de dança, Jessica Nadyne Aguiar Oliveira.
Del Pino rebateu na coletiva dizendo que ficou duas horas conversando com os estudantes na noite anterior à ocupação e, nesta segunda, duas vezes antes da coletiva:
- Eles se fecharam para o diálogo. Estão inflexíveis.
Um conflito semelhante já tinha acontecido em dezembro do ano passado, que culminou na saída de quatro pró-reitores e na revolta da base eleitoral de Del Pino, os estudantes que o elegeram.
Atuação dos guardas é questionada
Um boletim de ocorrência foi registrado no final de semana pela atuação de um guarda. Uma foto mostra ele dentro da ocupação, armado. Ele teria sido homofóbico e empurrado uma das alunas.O reitor disse que irá apurar o caso e, se for o caso, pedir afastamento do funcionário, que é terceirizado.
Os alunos também reclamaram que pessoas eram obrigadas a fornecer nome, RG e CPF ao entrar no prédio durante o final de semana, o que seria uma forma de intimidação. A reitoria disse que, entre as 21h e as 8h, esse fichamento é de praxe, como forma de segurança do campus.