Duas das três fundações de apoio da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) não poderiam receber dinheiro de bolsas, que são investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF). Para ganhar recurso público, as fundações tem de estar credenciadas junto ao Ministério da Educação.
A Fundação Delfim Mendes da Silveira, de acordo com Diário Oficial da União, ficou desvinculada de janeiro a julho deste ano. Nesse período, recebeu mais de R$ 12 milhões de reais em projetos.
Já a situação da Fundação Simon Bolivar é ainda mais grave. Está sem credenciamento desde janeiro de 2013. Nesse um ano e oito meses, recebeu quase R$ 3,5 milhões, que não poderiam ter sido transferidos dos cofres públicos.
As fundações de apoio da UFPel são alvos constantes de investigação por supostas irregularidades. O caso mais conhecido foi de um terreno comprado pela UFPel por R$ 700 mil, doado para a Fundação Simon Bolivar e revendido, no dia seguinte, por R$ 12 milhões para a universidade. Esse escândalo estourou na gestão anterior de Mauro del Pino. Quando ele assumiu, resolveu juntar as três fundações em um só comando e fazer uma varredura nas suas contas.
O objetivo era estancar supostos desvio de dinheiro público. Assim, ele trocou todos os funcionários. Hoje o Ministério Público Federal investiga parte dos novos servidores. Porque alguns estavam recebendo o dinheiro público que vai para as bolsas de estudo coordenadas nas fundações. Esses projetos tinham irregularidades, segundo audiotira interna, porque não foram divulgados para toda comunidade acadêmica e não houve seleção. Os escolhidos foram os próprios funcionários, como o ex-presidente das fundações, Cristiano Guedes Pinheiro e a gerente, Priscila Monteiro Chaves.
Com essa nova denúncia, a atual administração admite que não há orientação jurídica que determine como deve ser a relação entre as fundações de apoio e a universidade. Após a investigação - que deve chegar à Controladoria Geral da União - foi determinado que uma legislação fosse criada.
Contraponto
Cristiano e Priscila afirmam que agiram dentro da legalidade e que os trabalhos de funcionários das fundações e bolsistas das fundações são compatíveis.