A principal testemunha de acusação na primeira audiência do Caso Bernardo, a delegada Caroline Bamberg, prestou depoimento por mais de quatro horas e meia nesta terça-feira (26), no Fórum de Três Passos. Ela falou principalmente sobre as provas anexadas semana passada ao processo e citou o trecho de um vídeo que, segundo ela, comprova que o menino era dopado pelo pai.
De acordo com Caroline Bamberg, as imagens - que não foram divulgadas - mostram o menino recebendo forte medicação, e depois apresentando sinais de tontura e sendo xingado pelo pai e pela madrasta, o que evidencia que ele era dopado em casa.
Sobre a outra parte do vídeo, relatado pela delegada nesta manhã, a reportagem comprovou com a polícia que as imagens mostram o médico Leandro Boldrini mandando o filho calar a boca e a madrasta, Gracieli Ugulini, ameaçando o garoto, ao afirmar que ele iria para "debaixo da terra" antes dela.
As defesas do casal ainda não se manifestaram sobre os dois trechos divulgados hoje. Já a delegada, em nova coletiva à imprensa nesta tarde, afirmou que as imagens são provas suficientes para mostrar que o médico era conivente e também maltratava o filho.
Testemunhas de defesa são dispensadas
O juiz Marcos Agostini dispensou as 22 testemunhas de defesa pelo fato de não ter tempo suficiente para ouvi-las hoje. Não há data marcada para esses depoimentos. Somente serão ouvidas as testemunhas de acusação. Já falaram a delegada, um médico e uma dentista.
Também não há data marcada para os depoimentos dos réus e, após essa fase de inscrição, será definido o caso vai ou não a juri.
Caso Bernardo
Bernando Uglione Boldrini, 11 anos, foi encontrado morto no dia 14 de abril, após dez dias desaparecido. O corpo do jovem estava em um matagal, enterrado dentro de um saco, na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. O menino morava com o pai, o médico-cirurgião Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e uma meia-irmã, de 1 ano, no município de Três Passos.
O pai, a madrasta e uma amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, respondem na Justiça por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O irmão de Edelvânia, Evandro, também responde por ocultação de cadáver. O pai de Bernardo ainda é acusado por falsidade ideológica.