A ideia é ambiciosa, relevante à segurança no trânsito e se assemelha a outras já testadas por grandes empresas automobilísticas, como a Toyota e a Nissan: um bafômetro que trava a ignição de carros, motos e caminhões caso o motorista esteja alcoolizado.
E para evitar que outras pessoas além do condutor usem o aparelho para ligar o veículo, os inventores instalarão este ano um sistema de reconhecimento facial no equipamento.
Os autores deste dispositivo - cujo preço é, pelo menos, R$ 300 mais barato que os já vendidos no mercado - são três jovens de 19 anos, vindos do interior do Estado (Pedro Osório, São Lourenço do Sul e Arroio Grande) e estudantes do curso técnico em eletrônica do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), campus Pelotas.
Com a invenção, que deve ser instalada entre a chave de partida do veículo e o restante do sistema de ignição, Augusto Silva, Felipe Pinz e Jarbas Carriconde comemoram a premiação do projeto na 12ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada em São Paulo no último fim de semana. A conquista do título de excelência científica, concedido pela Associação Brasileira de Incentivo à Ciência (Abric), garante vaga para a Feira Nordestina de Ciências e Tecnologia, marcada para setembro, em Recife.
Até lá, trabalho incansável para aprimorar o protótipo. Em princípio, funciona assim: um display LCD informa ao motorista o instante em que deve soprar no bafômetro. Se estiver embriagado, a quantidade de álcool detectada é mostrada em um sequencial de LEDs e o veículo não poderá ser acionado.
Em vídeo, veja como o equipamento funciona:
Para tornar o dispositivo à prova de fraude, os jovens estão implementando um sistema de reconhecimento facial, que já deve estar funcionando até o próximo evento.
- Assim a gente evita que o motorista espertinho pegue o hálito sóbrio de alguém emprestado - afirma o orientador do projeto, Rafael Galli.
A intenção de desenvolver o aparelho surgiu quando um colega se acidentou devido à combinação entre álcool e volante.
- Pensamos em algo que possa reduzir os acidentes ocasionados pela bebida. Nossos pais, que trabalham no transporte de cargas, também se preocupam com isso - conta Silva.
Proposta busca reduzir o número de acidentes
Segundo informações do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran/RS), no ano passado foram registradas mais de 21 mil infrações relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas antes de dirigir. Em 2014, esse número está beirando os 4 mil.
A verba para o material usado na produção do bafômetro veio do laboratório onde o produto foi desenvolvido, de doações de lixo eletrônico e até do bolso de alunos e professores. A luta dos inventores agora é colocar no mercado o equipamento, cujo custo está estimado em R$ 400.
De acordo com o professor Igor Barros, que supervisionou o projeto, o bafômetro pode ter grande aceitação nas empresas de transportes, já que possibilita o controle dos motoristas - e evita prejuízos financeiros e de pessoal.
Os jovens inventores buscam patrocínio para dar início ao processo de patente, cujo investimento é de R$ 9 mil, e empresas que se interessem em fabricar o bafômetro. Se até o fim do ano não conseguirem, já pensam no plano B: abrir uma empresa.
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