A consolidação do racha no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Pontal do Paranapanema, região de conflitos agrários no interior de São Paulo, pode acelerar um processo semelhante que vem sendo gestado desde 2011 no Rio Grande do Sul.
José Rainha Júnior, um carismático líder sem-terra, nos anos 90, incendiou o Paranapanema com a invasão de centenas de fazendas, a maioria erguida em terras devolutas. Os métodos usados por Rainha para ocupar as glebas, que inclui anunciar a invasão em carros com alto-falantes, nunca agradaram um dos líderes máximo do MST, João Pedro Stedile.
Os dois se suportavam em nome da causa. Mas, já na época, várias dissidências do MST se aglutinavam ao redor de Rainha. ZH esteve no Pontal e acompanhou todo esse processo. Finalmente Rainha consolidou o MST da Base. Empunhando a bandeira de retomada dos assentamentos, ele ocupou 21 fazendas no chamado "Carnaval vermelho", no fim de semana passado.
No Rio Grande do Sul, em 2011, um grupo de líderes do MST rompeu com a entidade alegando descontentamento com o envolvimento de dirigentes com fraudes no uso do dinheiro público investido nos assentamentos e também do alinhamento político da organização com o governo federal. Entre os dissidentes estão figuras como Ivonete Tonin, a Nina, e Irma Ostrovski, a Polaca, duas figuras históricas e respeitadas entre os militantes.
O grupo gaúcho tem se mantido discreto, mas não alheio ao que está acontecendo no meio rural, como a consolidação do MST da Base no Pontal do Paranapanema. Além disso, no RS, observam o avanço de militantes radicais ligados a partidos e outras organizações que estiveram à frente dos protestos de junho de 2013 em Porto Alegre. Esse contexto pode fazer o grupo de Nina agir.
O assunto deve ser tratado entre os jovens que se reúnem nesta terça-feira, em Tapes, na 37ª Romaria da Terra, um evento que se tornou um símbolo da luta por uma vida melhor para as famílias rurais.