O comerciante Tibério Oliveira é proprietário de um depósito de areia em São Jerônimo, na Região Carbonífera, e viaja diariamente para Triunfo, onde busca o produto. Para chegar de uma cidade a outra, Oliveira precisa pegar uma balsa no Rio Jacuí. Durante o dia, ele faz o percurso até seis vezes e gasta, em média, R$ 1,3 mil por mês, além cerca de três horas entre a espera pela balsa e a travessia.
Assim como Oliveira, milhares de moradores dependem do percurso para se deslocar até a Região Metropolitana. O problema atinge a população há mais de 50 anos e vem sendo, cada vez mais, motivo de reclamações entre a comunidade. Durante todo esse tempo, eles convivem com a promessa de uma ponte, que facilitaria o acesso e a circulação entre as cidades de São Jerônimo e Triunfo, o que acabou nunca saindo do papel. A alternativa para os moradores é utilizar a BR-386 ou a BR-290, mas o tempo do percurso é quase o dobro.
Duas balsas percorrem o trecho a cada meia hora. O valor da passagem é de R$ 5,35 para carros de passeio e R$21,32 para caminhões. A reportagem da Rádio Gaúcha esteve no local e fez o trajeto. A travessia é tranquila e dura cerca de 15 minutos. O problema constatado no local é a espera até a chegada da balsa, que em horário de pico, pode chegar a duas horas. A reportagem esperou 45 minutos para poder atravessar até Triunfo. Na chegada ao outro lado, a surpresa: a fila de caminhões e carros chegava a um quilômetro, indo até o centro da cidade. Alguns motoristas já esperavam há mais de uma hora.
Silvane de Campos faz entregas com moto pela região. Ela faz o trajeto de balsa todos os dias cerca de quatro vezes ”Eu perco muito tempo, é um transtorno. Os clientes estão ligando, o serviço já está atrasado e eu tenho que dizer que eu estou empenhada do outro lado do rio”, lamenta. Ela reclama, ainda, que durante a noite a travessia é muito perigosa, pois o local é escuro, sem casas ou estabelecimentos por perto, e a balsa passa com menos frequência, sendo um ambiente propicio para assaltos.
Ponte é apontada como solução
Uma ponte na RSC-470, que liga Triunfo-São Jerônimo, é apontada como alternativa para facilitar o deslocamento de moradores e impulsionar a economia da região. O coordenador do Conselho Regional do Desenvolvimento, Álvaro Werlang, destaca a importância da construção da ponte na região. “Estrategicamente seria uma nova ligação com rota ao porto de Rio Grande, ligando o sul ao norte do estado. E para nos facilitaria desafogando outras vias do estado e trazendo uma ampliação de movimento à micro região petro-química”, destaca.
No Governo Yeda Crussius (2007-2011), a população chegou a pensar que a ponte, finalmente, sairia do papel. Uma placa foi colocada na estrada, na época, avisando os moradores que a ponte seria construída. Alguns estudos de viabilidade foram realizados, mas nada de concreto foi feito. Em 2012, no projeto de interiorização do governo Tarso Genro, o tema voltou a entrar em pauta, em razão do grande número de reclamações.
A licitação para começar o projeto foi feita e três empresas já realizam, há mais de um ano, um estudo do local. o projeto custou aos cofres públicos mais de R$ 2,5 milhões. Segundo a prefeitura da cidade, a construção de uma ponte no local já havia sido apontada por estudos com um investimento de cerca de R$ 100 milhões.
Em agosto deste ano, porém, a rodovia entrou em processo de federalização. O engenheiro da Secretaria Estadual de Infraestrutura, Alexandre Stolte, diz que a obra só pode ser realizada com recursos da União.“Isso é um fator muito importante, pois é uma obra complexa, de custo elevado e que só teria condições de ser executada com recursos federais. Hoje estamos mais perto da solução do que jamais estivemos. Estamos trabalhando, fazendo os projetos que é o primeiro passo definitivo para que esse sonho se transforme em realidade”, destaca.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) ainda estuda se o projeto será finalizado por equipes do órgão ou pelo estado. Ainda segundo o Dnit, se o projeto ficar pronto no prazo previsto, é possível que as obras tenham início ainda em 2015.