
Durante a discussão da Medida Provisória que cria o programa Mais Médicos, os deputados Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Ivan Valente (PSOL-SP) quase foram às vias de fato e precisaram ser separados por colegas. A discussão entre os dois, no entanto, não era sobre saúde, e sim sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere ao Congresso a palavra sobre demarcação de terras.
O tema veio à tona porque a bancada ruralista, coordenada por Heinze, também decidiu obstruir as votações enquanto não for instalada a comissão especial para analisar a matéria.
Heinze cobrou a discussão da proposta e disse que o direito de propriedade está sendo "jogado no lixo".
- No Mato Grosso do Sul, acabaram com um município. Que direitos têm esses índios que ganham reservas em cima de laudos antropológicos fraudulentos? - criticou.
Já o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) afirmou que os deputados estão sendo "avacalhados" e "humilhados" com o adiamento da instalação da comissão.
- Chegamos à posição de ter de obstruir para sermos ouvidos - disse.
O deputado Bohn Gass (PT-RS), no entanto, avaliou que os produtores rurais saíam perdendo com a atitude dos ruralistas. Ele destacou que o campo também precisa da assistência dos médicos contratados pelo programa criado pela MP.
- O grande produtor pode pagar a melhor assistência, mas o produtor pequeno precisa desse programa - rebateu.
O líder do PV, deputado Sarney Filho (MA), declarou solidariedade aos povos indígenas. Ele disse que as reservas funcionam para frear o desmatamento na região Norte.
- No Sudeste, Centro-Oeste, regiões de terras cultiváveis, a solução precisa passar por um acordo, mas jamais em detrimento dos direitos indígenas - avaliou.