Os trabalhadores de Gravataí que usam a linha N2-Parque dos Eucaliptos passam o dia tensos com o final do expediente. Se perderem o último coletivo, que passa no Centro às 18h34min, é um "Deus nos acuda".
Alguns caminham longos trechos até outras paradas atrás de transporte com destinos similares ou pegam o próximo, que passa em seguida, o Natal Bonsucesso.
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A atendente de loja no Centro, Tânia Maria da Silva, 54 anos, é a primeira a entrar no veículo, que tem previsão de zarpar às 18h34min. Na quinta-feira, dia em que Zero Hora acompanhou o trajeto, o ônibus saiu com seis minutos de atraso, mas cumpriu os 58 minutos previstos de itinerário.
Tânia gosta de ficar nos primeiros bancos porque, ali, o tempo passa mais rápido. Ela conversa com o cobrador, brinca com o motorista e vibra com cada passageiro que vem correndo rumo à parada e consegue embarcar.
- Eu sei como é. Não dá para perder esse ônibus de jeito nenhum. Senão, fazemos um tour por Gravataí - contou.
Ivete Cornely, 45 anos, assessora da Câmara de Vereadores do município, também passa por poucas e boas:
- Hoje mesmo fui liberada 20 minutos mais cedo, para dar tempo de pegar esse ônibus. Se eu largar às 19h, meu horário normal, tenho de me virar em perna, caminhar mais de 20 minutos até uma outra parada lá embaixo.
Fora a reclamação de que o Parque dos Eucaliptos deveria passar com horários menos espaçados e ter uma linha alternativa para quem sai mais tarde do serviço, a avaliação é boa. Os usuários dizem que esta é a linha dos amigos. Todo mundo se conhece. Todos dividem a mesma angústia.
- Ah, não! Cadê a minha cobradora! - exclama uma senhora ao avistar um homem no lugar da funcionária com quem está habituada.
E não é só ela. A cada cinco que sobem, três querem saber da tal moça. A vendedora Leila Rejane da Silva,
51 anos, explica.
- É que ela é muito simpática e agradável. É a alegria do ônibus - disse.
No último horário, apesar de preencher todos os bancos logo na largada, ninguém viaja em pé.
- Mas tem que ver como é isto aqui lá pelas 17h. É 10 minutos parado ali na parada do Carrefour, e não para de subir gente - disparou o motorista.
O ônibus vai serpenteando por entre vielas e empaca em algumas ruas. A pior é o acesso da Estrada Itacolomi à ERS-118.
Em Gravataí, existem dois tipos de tarifa: a normal, que custa R$ 2,75, e a linha operária, na qual a reportagem embarcou, com o valor de R$ 1,35.
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Ficha técnica
> Linha: N2-Parque dos Eucaliptos, em Gravataí
> Empresa: Sogil
> Horários diários: 20 (de segunda a sexta-feira)
A avaliação da repórter
> Limpeza: em boas condições. 8
> Espera: veículo chegou quatro minutos depois do previsto e há relatos de atrasos. 7
> Lotação: todos os passageiros sentados. Pior horário é às 17h. 9
> Conduta: funcionários educados, simpáticos e entrosados com os passageiros. 10
> Segurança: usuários relatam que a linha é bem segura, entretanto, boa parte das paradas não tem iluminação. 7
A avaliação de usuário
Roselúcia Siviero Ribeiro, 52 anos
> Limpeza: 1
> Espera: 1
> Lotação: 1
> Conduta: 5
> Segurança: 1
"Os ônibus de Gravataí da Sogil são precários e superlotados, e o intervalo é muito grande. Tentei falar com o gerente de tráfego, porém, quem atende no SAC não leva adiante o assunto".
Contraponto
O que diz Cândida Maria Wilke Gomes, supervisora de comunicação da empresa Sogil
"Não há demanda de passageiros para inclusão de novo horário na Linha N2-Parque dos Eucaliptos após as 18h34min, conforme dados estatísticos. No pico, onde a demanda aumenta, a ocupação média é de 46 ocupantes.
A frequência durante o dia das linhas urbanas que atendem ao bairro Parque dos Eucaliptos no horário de pico ocorre a cada 30 minutos e, nos horários de baixa demanda, a cada 40 minutos. Sobre as reclamações do SAC, os clientes entram em contato pelo telefone 0800-510-7080 ou (51) 3484-8080 ou pelo e-mail sac@sogil.com.br. Todas as reclamações ou sugestões são encaminhadas ao setor responsável e avaliadas e, em 100% dos casos, são retornadas ao cliente, mesmo sendo contrário ao seu pedido ou reclamação."