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Confira fotos das manifestações do início da semana pelo país
Uma quilométrica fila ocupou as ruas e as avenidas e imprensou os carros contra o lado esquerdo das pistas desde o começo da tarde desta quinta-feira. Os caminhos tinham um destino só, a Praça Derby, no Centro de Recife.
Então, agrupados, barulhentos, coloridos e irreverentes, quase 50 mil pernambucanos, segundo avaliação da Polícia Militar, seguiram em direção ao Recife Antigo, em busca do Marco Zero pela Avenida Conde da Boa Vista, palco histórico das manifestações na capital de Pernambuco. Ninguém ligou para o sol e os 30°C.
Todos, jovens em sua imensa maioria, caminhavam calmamente, exibiam cartazes, vestiam camisas brancas, uniformes da Seleção Brasileira, roupas coloridas, chapéus engraçados, máscaras e nariz de palhaço. Muitos fotografavam cada passo, filmavam amigos e desconhecidos, abanavam para os carros e mandavam as pessoas saírem das sacadas dos apartamentos. Os motociclistas passavam ao lado tocando as buzinas.
Um senhor de cabelos brancos que assistia tudo do alto de uma ampla janela, no segundo andar de um prédio, foi chamado às ruas. Abanou. Ouviu o coro.
- Ei, vovô, desce daí, vovô, desce daí.
Uma adolescente gritou:
- Chegou a nossa hora. É o futuro do Brasil.
Uma Tucson preta estacionou perto de um grupo, chamou uma menina e ofereceu um saco de plástico recheado de pequenos apitos coloridos. Ele deu um grito, atraiu outras pessoas e começou a distribuir os apitos.
Outro grupo apareceu, exibia cartazes contra a Copa do Mundo. Pedia melhor saúde, mais educação e ética na política. Ensaiou as primeiras estrofes do Hino Nacional. Não colou.
Um jovem foi flagrado pichando um muro. Foi intensamente vaiado. A Polícia Militar notou. Prendeu o jovem na hora. Vândalos das torcidas organizadas do Náutico, Sport e Santa Cruz entraram em conflito e assustou quem pedia educação e democracia. A PM os reprimiu com vontade. Cerca de 20 pessoas foram presas. Um estava armado.
- Sem violência, sem violência - pediam os manifestantes cada vez que observavam um tumulto.
Às 17h30min escureceu, o céu nublou, mas os cantos não pararam. Um grupo ensaiou uma ola só com as mãos. Pegou. Uma onda de mãos para o alvo varreu a avenida. As noites estava apenas começando. No dia 20 de junho de 2013, o Brasil inteiro ouviu um grito da história. Recife fez eco.