O Hospital de Caridade de Canguçu foi interditado por volta das 7h desta quinta-feira.
Funcionários da prefeitura e da Coordenadoria Regional de Saúde chegaram ao local com um decreto de interdição assinado pelo prefeito Gerson Nunes (PT). Eles vasculharam todos os bens, equipamentos, serviços e conversaram com servidores do hospital. As salas da diretoria foram lacradas. Por volta das 8h30min, dois dos gestores chegaram ao local. Eles tiveram a entrada nas salas liberada, para que pudessem retirar objetos pessoais.
O prefeito declarou estado de calamidade pública no sistema hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS) e má gestão por parte da administração, que já havia enfrentado problemas com o fechamento da UTI Neonatal em 2012. Segundo ele, houve ameaças de fechamento do pronto socorro - o único da cidade.
- Recebemos denúncias de irregularidades no hospital. Há suspeita de cobranças indevidas por cirurgia e dificuldade na marcação de consultas - informa o prefeito.
Os computadores foram recolhidos e serão enviados para o Tribunal de Contas do Estado, onde devem ser analisados para ver se existem possíveis irregularidades.
De acordo com o prefeito, o hospital era mantido por recursos municipais e estaduais. Nos últimos dois meses, só o Estado repassou um milhão de reais à administração. Ele explica que a comissão não irá assumir supostas dívidas do estabelecimento, pois há outras demandas a serem resolvidas.
Em 90 dias de funcionamento da UTI neonatal, morreram no local 12 bebês dos 45 atendidos. Conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a proporção na casa de saúde de Canguçu foi de 80 óbitos para cada mil nascimentos no hospital, no primeiro mês de vida. A média nas UTIs neonatais gaúchas, segundo a secretaria, é de 13 mortes para cada mil nascimentos. Ou seja, em Canguçu teriam morrido mais de seis vezes o número de crianças que o costumeiro em outras unidades do gênero no Estado. Apesar disso, o setor continua não sendo prioridade, conforme o prefeito.
- A UTI neonatal não é prioridade nesta gestão. O objetivo é priorizar a UTI adulta e retomar as cirurgias eletivas, que tinham muitas dificuldades de serem feitas no hospital - afirmou Gerson.
O documento de interdição nomeia uma comissão gestora do hospital, que irá assumir a instituição por 12 meses, podendo ser prorrogados. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Cooperativo, Luiz Roberto da Silva Boemeke, se afastou do cargo para se responsabilizar pela direção.
Os servidores foram informados da intervenção pelo procurador do município, Fábio de Mattos. Eles foram orientados a prosseguir o atendimento normal aos pacientes. Ainda pela manhã, os funcionários serão chamados para uma reunião com a nova comissão gestora da instituição.
Sul do Estado
Hospital de Canguçu é interditado por má gestão e supostas irregularidades
O prefeito Gerson Nunes declarou estado de calamidade pública no SUS e má gestão
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: