A Polícia Civil do Estado deu uma competente resposta à sociedade ao identificar e prender, em pouco mais de duas semanas, o autor confesso das mortes em série de taxistas na Capital e em Santana do Livramento. O trabalho policial foi mais desafiador em decorrência do perfil do suspeito, que não tinha antecedentes criminais nem qualquer motivação aparente para cometer os homicídios. A investigação e a confissão, porém, não deixam dúvidas: o jovem ainda mantinha consigo objetos roubados das vítimas e até mesmo o bilhete da passagem entre sua cidade natal, Livramento, e Porto Alegre.
Para chegar à exitosa conclusão e à prisão do criminoso, os policiais gaúchos promoveram uma gigantesca operação de busca e inteligência, que incluiu desde as blitze de trânsito da Brigada Militar até o rastreamento de suspeitos por vingança, por envolvimento em contrabando e tráfico de drogas, ou mesmo por relações com os profissionais assassinados. Os laudos periciais, especialmente aqueles que comprovaram o uso da mesma arma em todos os crimes, foram essenciais para dar rumo à investigação. Porém, o decisivo foi a localização dos telefones celulares roubados, que se transformaram no mitológico fio de Ariadne e possibilitaram aos investigadores retroceder pelo intrincado labirinto de improbabilidades até os movimentos originais do serial killer. É um episódio digno dos mais intrigantes romances policiais.
Só que é real. Por trás desta história fantástica estão famílias enlutadas, filhos que perderam os pais, parentes e amigos atingidos indiretamente pela barbárie e uma população inteira traumatizada pela insegurança. Os motoristas de táxi, que promoveram protestos públicos e chegaram mesmo a acordar o governador do Estado na madrugada das mortes na Capital, tinham - e ainda têm - motivos para reclamar proteção. A violência urbana é uma constante na vida desses profissionais, assim como de todos os que lidam com dinheiro e se expõem ao contato com o público.
Por isso, é de se esperar que o rumoroso caso também sirva de referência para o aperfeiçoamento da segurança pública no Estado, especialmente no que se refere a investimentos na prevenção. Uma investigação exitosa como essa - em contraponto a incontáveis casos menos visíveis que ficam sem solução - sempre reacende a esperança dos cidadãos numa polícia vigilante e eficaz, dotada de infraestrutura adequada para cumprir sua missão. A mesma expectativa existe em relação à Justiça, que agora terá a incumbência de julgar o homicida e responsabilizá-lo na forma da lei.
Editorial
Opinião ZH: "Investigação exitosa"
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