Sem indiciados. Assim foi concluído o inquérito da Polícia Civil sobre a explosão da fábrica chilena de painéis e arquitetura Masisa, na planta de Montenegro, no Vale do Caí. O incidente, ocorrido em 22 de setembro do ano passado, deixou quatro funcionários da empresa mortos e três feridos.
Após seis meses de investigação, a Polícia Civil chegou a essa conclusão, depois de ouvir 21 testemunhas, além dos dois sobreviventes da explosão e analisar uma série de documentos. Também foram avaliados os laudos de duas perícias, um do Instituto Geral de Perícias (IGP) e outro de uma empresa privada.
- Com base nesses elementos, concluímos que não houve negligência da empresa, que possuía profissionais treinados para manutenção das máquinas e disponibilizava todo o equipamento de proteção individual - sustenta o delegado encarregado do inquérito, Marcelo Farias Pereira.
De acordo com Pereira, a causa teria sido uma pane no motor elétrico que conduzia partículas de madeira a uma esteira.
- Uma rosca que conduzia esse material até as esteiras travou. Isso ocasionou um curto circuito, responsável por fagulhas que geraram a explosão. Concluímos que não houve falha humana.
Ainda segundo o delegado, o inquérito demorou para ser concluído, pois a polícia quis ouvir todas as pessoas envolvidade diretamente com o caso, e um dos sobreviventes demorou para se recuperar.
O documento, com cerca de 400 páginas, foi entregue para análise do Ministério Público nesta quinta-feira.
A Masisa se manifestou por meio de sua assessoria de imprensa e não quis comentar o resultado do inquérito policial. A única informação disponibilizada foi que a empresa sempre deu total apoio às vítimas e aos seus familiares, além de colocar-se à disposição e cooperar com as autoridades de forma transparente.
O incidente
Quatro trabalhadores foram vitimas de uma explosão na planta da Masisa, em Montenegro, no dia 22 de setembro do ano passado. Thiago de Freitas Monteiro, 32 anos, operador líder, de Guaíba, Lucas Mateus Teixeira, 26 anos, operador de produção, de Montenegro, Dirceu Peixoto dos Santos, 61 anos, auxiliar de serviços gerais, de Montenegro e Marcos Vinícius da Paz, 18 anos, auxiliar de serviços gerais, de Triunfo, morreram na explosão.
Sobreviveram ao incidente o mecânico de manutenção Cristiano Flores Souza, 29 anos, de Taquari, Vagner Costa da Silva, 29 anos, operador de produção de Montenegro e Clébio da Silva Gomes, 43 anos.
Conforme o delegado Marcelo Farias Pereira, quatro das sete vítimas do incidente estavam no local para tentar consertar a peneira (equipamento que faz a granulação da madeira seca usada na unidade para a produção de painéis) quando uma fagulha originada no maquinário levou à explosão. Eles se deslocaram para o local após o sistema de monitoramento eletrônico da linha de produção detectar falhas no maquinário.