Sensacional! Sensacional! É que o filme Lincoln, que tem o maior número de indicações para o Oscar do próximo dia 24 de fevereiro, revela que Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos, subornou dezenas de parlamentares democratas para ver aprovada no Congresso a emenda da Abolição.
Sensacional! E nós pensávamos que o mensalão fosse uma criação nossa.
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Recapitulemos o que aconteceu. Em 1863, estava terminando a Guerra da Secessão, travada entre 11 Estados confederados do Sul, que não queriam a abolição da escravatura, contra o restante dos EUA, vencida no conflito pelos abolicionistas, quando Lincoln deparou com um terrível impasse: tinha sido vencida a guerra, mas era preciso que a lei fosse modificada e se instaurasse a abolição.
Só que faltavam dezenas de votos para completar os dois terços do Congresso necessários para aprovar a emenda respectiva. Foi quando Lincoln, desesperado, nomeou uma comissão sigilosa encarregada de subornar os votos abolicionistas que faltavam.
Isso foi feito e a história registra, como centralmente disso se ocupou o filme Lincoln, que o presidente mais célebre da história americana praticou o mensalão para retirar do mapa norte-americano uma das suas mais sujas nódoas republicanas: a escravidão.
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O mensalão de Lincoln, há que se argumentar, foi assim corrompido visando a uma causa nobre. O mesmo se pode dizer do mensalão brasileiro, que durante dois anos subornou parlamentares daqui para votar a favor de causas justas, entre as quais a reforma da Previdência.
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Tal como Lula e Fernando Henrique, Lincoln obteve sua reeleição. Por sinal, Lula e Lincoln foram reeleitos, mas quando se elegeram pela primeira vez já constava das duas Constituições respectivas o instituto da reeleição.
Já com Fernando Henrique, quando se elegeu pela primeira vez não havia a reeleição, ela foi criada e se diz que muita gente foi subornada para aprovar a emenda da repetição de mandato. Interessante.
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A diferença entre o mensalão de Lincoln e o de José Dirceu é que nos EUA ninguém foi condenado por pagar ou receber suborno para votar a favor do governo.
Embora aqui no Brasil muitos parlamentares tenham sido condenados pelo mensalão, até agora nenhum foi parar na cadeia, pairando atualmente sobre o Supremo brasileiro a seguinte dúvida: como dois ministros do Supremo vão se aposentar e assumirão outros dois substitutos nomeados pelo governo, além do novo ministro Teori Zavascki, serão levadas à frente e radicalmente as sentenças condenatórias ou a nova constituição do tribunal máximo e superior cederá diante de recursos dos réus e embargos infringentes e declaratórios que ainda faltam ser examinados?
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Ou seja, se decidirá proximamente no Brasil sobre aquela sentença popular que diz que, em nosso país, político nenhum vai para trás das grades por atos cometidos na função pública.
Opinião
Paulo Sant'Ana: "O mensalão de Lincoln"
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