Eu queria falar sobre o detalhe mais importante da vida humana: o destino.
Vejam o destino dessa mulher que foi sepultada ontem em Passo Fundo: ela foi até o Paraguai, certamente para fazer compras. Só vai ao Paraguai para vender quem é ladrão de carro roubado no Brasil.
Ela caminhava tranquilamente sobre a Ponte da Amizade, já do lado paraguaio, quando surgiu um assaltante que sem nada dizer desferiu-lhe um tiro de revólver que veio a matá-la. Depois do tiro, o assaltante, com os circunstantes da mulher intimidados, roubou todos os pertences deles.
Como é que se poderia prever o destino dessa pobre mulher, como se poderia imaginar que ela curiosamente fosse morrer em cima da Ponte da Amizade?
Uma viagem, um passeio, um tiro, a morte.
Decididamente, ninguém pode mudar o seu destino, apesar de que Albert Einstein, o grande gênio, tenha dito que não devemos estranhar que as coisas desfavoráveis nunca mudem para nós, se nós não mudamos nossas atitudes.
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Mudar de atitude pode mudar muita coisa, portanto, mas não muda o destino.
Nós viemos ao mundo cheios de pretensões de felicidade, agimos direito, tudo fazemos para construir uma vida feliz - e de repente trombamos com o destino.
Ou seja, o destino detém sobre nós um poder superior e incontestável,
Eu até não sei bem se nós não devemos nos conformar com o que o destino reservou para nós. Ou seja, será verdadeira esta história de que nós podemos mudar o nosso destino?
A mulher de Passo Fundo Fundo que morreu na ponte certamente fez tudo para mudar o seu destino - ou será que para cumprir com o seu destino? - foi para o Paraguai fazer compras e acabou só fazendo a própria morte.
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Por causa do destino, nosso futuro é sempre incerto. Está bem, não sou adepto da tese de que devemos nos atirar nas cordas, ficar de papo para o ar à espera do destino.
Mas é real que há muita chance de nos esforçarmos, estudarmos, trabalharmos, organizarmos nossa vida e, de repente, o destino acaba nos tirando tudo que amealhamos num golpe só do seu certeiro cutelo.
Eu sei que o contrário é verdadeiro: deve haver muita gente que passou pela vida sem nenhum esforço, tocando viola de papo pro ar, e de repente, é brindada pelo destino com a Mega Sena ou com um casamento com a mulher ou o homem dos sonhos.
Eu, por exemplo, quando meu pai me comunicou que eu deveria ser gremista, tinha eu então apenas oito anos, já pressenti que viria encrenca por aí: suavizada apenas por aquele dia em Tóquio em que, na pista do Estádio Nacional, De León me passou às mãos a taça suprema conquistada minutos antes.
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A cigana leu o meu destino, eu chorei.
Quando a cigana olhou fixamente para a palma da minha mão e me disse que eu teria todas as mulheres que me quisessem mas nunca teria a mulher que eu amasse, eu chorei.
É fato que, quando porventura ficamos sabendo antecipadamente do nosso destino, é certo que se vai chorar.
Até mesmo porque o destino mais certo é a morte.
Opinião
Paulo Sant'Ana: "A força do destino"
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