Um leitor me manda dizer que no programa Debates Esportivos, da Rádio ABC, de Novo Hamburgo, no dia 29 de novembro último, o narrador Marco Couto ofendeu a mim e ao colega Kenny Braga, chamando-nos a ambos de imbecis.
Quero reconhecer, senhor narrador, que o senhor tem metade da razão.
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Ou não é um imbecil quem, como eu, fuma 60 cigarros por dia?
Ou não é imbecil quem, como eu, acreditou piamente que o PT seria a restauração da moralidade política no Brasil?
Ou não é um imbecil quem, como eu, prega que se construam presídios decentes no RS?
Ou não é imbecil quem, como eu, jura que os cães das raças pitbull e rottweiler não podem transitar no meio social?
Ou não é um imbecil quem, como eu, prega há mais de 40 anos pelo rádio, pela televisão e pelo jornal que sejam cercados os parques e as praças de Porto Alegre?
Só pode ser um imbecil quem pensa dessa maneira.
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Quem primeiro chamou a si próprio de imbecil fui eu, quando escrevi, há 20 anos, o meu primeiro livro e, como muita gente me chamava de gênio, pus o seguinte título na obra: O Gênio Idiota.
Naquele instante, eu já tinha na mente um estudo psiquiátrico que li e dizia o seguinte: "O idiota é ainda mais retardado que o imbecil. O imbecil tem idade mental entre três anos e sete anos e quociente de inteligência (QI) de 25 a 50. Já o idiota apresenta profundo retardo mental, com idade de três anos e quociente de inteligência abaixo de 25, sendo incapaz de concatenar ideias".
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Logo, senhor narrador da Rádio ABC de Novo Hamburgo, não me ofendo porque fui chamado pelo senhor de imbecil, eis que outro estudo que possuo afirma categoricamente que 50% das pessoas humanas são idiotas e os outros 50% que restam são imbecis.
Segundo Dostoievski, pensar o contrário do que pensam os idiotas é essencial para que se tenha ideia das características do imbecil.
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Logo, não resta nenhuma dúvida de que sou imbecil. Pena que quem tenha dado essa notícia em primeira mão foi a Rádio ABC de Novo Hamburgo, que pelo narrador Marco Couto transmitiu esse conceito sobre o meu quociente intelectual.
E só pode ser um imbecil um sujeito como eu, que está escrevendo uma coluna inteira sobre um suposto anátema que me foi lançado por um anônimo narrador do Interior, embora eu esteja reconhecendo publicamente que o radialista, a meu respeito, acertou em cheio.
E parece que o radialista quis me ofender, apesar de eu não considerar, como se viu acima, uma ofensa a palavra com que me brindou: imbecil.
Em todo caso, nem lamento que hoje se torne em Novo Hamburgo a pessoa mais famosa da cidade o meu pretenso ofensor, depois que os queridos leitores de NH leiam esta coluna.
Tudo que ele queria é que eu respondesse a ele.
E, como sou um imbecil, estou respondendo.
Opinião
Paulo Sant'Ana: "Explico o que é um imbecil"
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