A Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), herdeira da Febem, retomou a ideia de construir uma unidade para adolescentes infratores no bairro Belém Novo, o que solucionaria a superlotação em outras duas casas da instituição.
Porém, como ocorreu há 11 anos com um projeto da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem) para o mesmo local, há moradores contrários à ideia, e eles prometem impedir mais uma vez a obra na zona sul da Capital.
Naquele início de julho de 2001, a comunidade se armou de cartazes, organizou protestos e, no fim, frustrou os planos do governo estadual de criar um centro da juventude em um terreno próximo à Escola Nehyta Martins Ramos. Nos protestos, a vizinhança exigia a desistência de se erguer um "presídio" na área. O que fazia sentido, porque o projeto previa um espaço de 1,5 hectare cercado de um muro alto semelhante ao de uma cadeia.
A Febem acabou, a Fase tomou seu lugar e o projeto mudou. Não lembra mais uma prisão, de acordo com o secretário estadual da Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira. Para agradar aos moradores, na área de 50 hectares limitada pela Avenida do Lami e pela Rua Baviera, deverão ser construídos um posto de saúde, um campo de futebol, quadra poliesportiva, playgrounds e pista para caminhadas. O secretário garantiu que, em visita à região, recebeu apoio de seus habitantes.
- O que há são interesses privados e partidários que não contemplam os interesses da comunidade - afirmou.
Vizinhos se mobilizam para bloquear a obra
A construção da chamada POA III resolveria a superlotação de duas outras unidades da Fase, a POA I e a POA II. O investimento chega a R$ 11 milhões - R$ 6 milhões do governo federal e o restante, do Estado. Segundo a presidente da Fase, Joelza Andrade Pires, a licitação deve sair ainda neste ano. A instituição garante que os jovens enviados à POA III seriam de baixa periculosidade.
Mas há vizinhos desconfiados e que se organizam para bloquear a obra, que, outra vez, classificam de "presídio". Presidente interina do grupo Amigos do Extremo Sul, Eliana Machado promete mobilização. Ela defende a construção de uma Unidade de Pronto Atendimento, de escolas e empreendimentos de desenvolvimento tecnológico para suprir as carências da região.
Ideia retomada
- Em 2001, a Febem decidiu construir um centro da juventude
- Semelhante a um presídio, o projeto foi combatido ferozmente por moradores, que conseguiram impedir a obra na Justiça
- Entre 2007 e 2008, voltou a ganhar espaço a ideia de construir uma unidade - agora da Fase - na região para desafogar o POA I e o POA II, que operam com o dobro da capacidade
- O objetivo é abrir a licitação ainda este ano para construir a POA III em 2013