A morte de um bebê em Sapiranga, no Vale do Sinos, será investigada pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers). A sindicância foi aberta no final da tarde desta quarta-feira, depois que as denúncias envolvendo o caso foram divulgadas.
De acordo com o presidente do Cremers, Fernando Weber de Matos, a partir desta quinta-feira serão convocados os médicos que atenderam a criança, o secretário da Saúde de Sapiranga e a família.
- Após ouvirmos as diferentes versões vamos nos posicionar sobre o caso. Como houve a morte da paciente, vamos abrir imediatamente a sindicância- explica Matos.
O caso
Um bebê de 53 dias morreu na noite desta terça-feira enquanto esperava por atendimento médico em Sapiranga, no Vale do Sinos. A família registrou ocorrência por negligência. O caso revoltou moradores. O Posto de Municipal de Saúde mantém pelo menos um pediatra 24 horas, mas os familiares afirmam que, ao chegar ao plantão, o médico não estava no local. A criança também não teria sido encaminhada para atendimento de um clínico-geral.
- Eles chegaram lá por volta das 20h. A menina passou mal enquanto estavam no mercado. Tinha vômito e por isso os pais levaram ao posto. Quando chegaram lá esperaram quase duas horas porque o pediatra ainda não tinha chegado- afirma Domingos da Silva, chefe do pai do bebê.
Depois de aguardar por cerca de duas horas, os pais teriam procurado o Hospital Sapiranga, que fica no prédio ao lado do posto. De acordo com Silva, também não havia pediatra no hospital. Por volta das 21h55min a menina teve uma parada cardiorrespiratória.
- A criança foi atendida por dois médicos quando chegou ao hospital, um pediatra em um clínico. A questão é que nos procuraram quando ela já tinha uma parada cardiorrespiratória. Os médicos tentaram reanimá-la mas ela faleceu- afirma o diretor-técnico do Hospital Sapiranga, Eduardo Melnick.
O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Sapiranga. Neste momento, o delegado Ernesto Luis Clasen está ouvindo os servidores do posto. Por orientação do município, que administra o posto e o hospital, os profissionais não falam sobre o assunto. A partir de informações dos médicos e enfermeiros, quem está falando sobre o caso é o secretário interino da Saúde de Sapiranga, Adriano Reis. De acordo com ele, a criança não foi imediatamente atendida por outro médico porque seu quadro era estável.
- Ela aguardava atendimento por causa do vômito. No momento em que a família chegou realmente não havia pediatra, porque o médico avisou que se atrasaria. Mas qualquer outro profissional poderia atendido a criança. Como o quadro era estável optou-se por esperar o pediatra. A espera por atendimento foi de cerca de uma hora, e em seguida a criança foi atendida - afirma Reis.