Segundo o estudo Perdas de Água 2024, elaborado pelo Instituto Trata Brasil, a gestão eficiente do recurso hídrico torna-se crucial diante de extremos climáticos como os enfrentados pelo Rio Grande do Sul. E mais ainda em um momento de recuperação dos municípios gaúchos.
De acordo com o levantamento, é fundamental concentrar os esforços e os investimentos na redução de perdas de água. Este controle ajuda a mitigar os impactos climáticos, promover maior segurança hídrica e fortalecer a infraestrutura das cidades, o que vai ao encontro das ações da Corsan.
A companhia conduz uma transformação significativa em seus serviços desde quando passou a ser controlada pela Aegea Saneamento. Para contextualizar, na administração anterior as perdas chegavam a 43% da água tratada em decorrência de problemas de infraestrutura, vazamentos e fraudes.
Atualmente, o Estado desperdiça 39,5% da água tratada antes que ela chegue às residências. Para se ter uma ideia, isso corresponde a 512 piscinas olímpicas de água potável jogadas fora a cada 24 horas no Estado, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
No entanto, com as medidas em curso, a Corsan espera reverter esse quadro e se posicionar como um modelo de inovação e eficiência no saneamento brasileiro. O reflexo dos trabalhos já pode ser percebido com o ganho de eficiência de cerca de 7% na distribuição de água após a pesquisa, identificação e eliminação de 16 mil vazamentos em mais de 20 mil metros de rede.
O gerente de Projetos de Perdas da companhia, Rodolfo Fuchs, informa que, atualmente, a Corsan é responsável por cerca de 32 mil quilômetros de redes de água e mais de 2 milhões de ligações de água nos 317 municípios que atende no Rio Grande do Sul. Para isso, é fundamental a gestão adequada dos recursos hídricos para abastecer, com continuidade e qualidade, a população gaúcha.
No combate às “perdas reais”, ou seja, vazamentos não visíveis na rede, a companhia inova com a utilização de um satélite israelense – projetado inicialmente para buscar água em outros planetas. Com um radar acoplado, o recurso escaneia o subsolo em busca de vazamentos até três metros abaixo da superfície. Esse método já mapeou cerca de 5,3 mil quilômetros da rede e localizou aproximadamente 7 mil vazamentos ocultos, permitindo uma resposta mais ágil desde a identificação até a resolução do problema.
– A crise ambiental que o Rio Grande do Sul tem atravessado nos últimos anos, seja com excesso de chuva, com as enchentes ou estiagem, é um fator determinante e impulsionador de investimentos como esse voltado ao combate às perdas. Não se trata, dessa forma, de simplesmente eficiência operacional, é uma necessidade– pontua.
E, com a implantação do sistema de macromedição, Fuchs ressalta que a companhia passou a ter controle da produção de água tratada, conseguindo identificar as regiões em que a Corsan perde mais água. O investimento foi de cerca de R$ 20 milhões nesses ativos em 2024.
Outra ação relevante foi o uso do geofone, um instrumento que funciona como uma espécie de “estetoscópio” da tubulação. Este procedimento permite que os técnicos “ouçam” a rede de água enterrada para detectar ruídos indicativos de vazamentos. Fuchs complementa dizendo que, inclusive, isso ocorreu durante a enchente de maio, nos municípios que foram mais impactados por áreas alagadas, como os do Vale do Taquari e da Região Metropolitana.
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Mais investimentos
Além destas perdas reais, a Corsan também trabalha para reduzir as “aparentes”, ou seja, as causadas por fraudes, submedição e ocupações irregulares. Em média, mil hidrômetros são substituídos diariamente nas regiões atendidas pela Companhia no Estado, o que mitiga problemas e aprimora a medição. Já foram trocados 371 mil equipamentos desde a transição da companhia para o modelo privado e, pelos próximos seis meses, a expectativa é substituir outros 235 mil. Essa modernização ajuda a regularizar o consumo e a reduzir discrepâncias de medição.
Segundo Fuchs, as fraudes são um desafio que precisa ser enfrentado todos os dias e, nesse sentido, a empresa também atua com iniciativas como a expansão da tarifa social e o programa Vem Com a Gente, que atualmente trabalha na regularização de milhares de ligações na cidade de Alvorada.
– Mais do fornecer abastecimento de qualidade, a Corsan leva dignidade para as pessoas que passam a ter uma conta de água com o seu nome e endereço – ressalta.
A automação é outra frente importante. Com mais de 50% dos processos automatizados e uma meta de atingir 100% nos próximos cinco anos, a Corsan instalou mais de mil pontos de monitoramento de pressão nas redes em todo o Estado. A medida contribui para a economia de água e reduz o desgaste das tubulações, auxiliando na meta de eliminar 20% dos mais de 20 mil vazamentos mensais já em 2025.
A Corsan investiu R$18 milhões em diversas ações estruturantes para modernizar seu sistema de distribuição, o que já trouxe resultados em cidades como Alvorada, Viamão e Santa Cruz do Sul, gerando uma economia de 30 milhões de metros cúbicos de água por ano.
Conforme Fuchs, estes indicadores refletem o comprometimento da Corsan com a eficiência no saneamento, alinhando-se ao atingimento das metas contratuais pactuadas para o ano de 2033, no máximo 30%, na maior parte dos municípios.
– Seguimos monitorando os sistemas de abastecimento, desde a captação até a entrega da água potável nas residências, 24 horas por dia, 7 dias por semana, no Centro de Operações Integradas (COI) garantindo agilidade e precisão na resposta a vazamentos e situações emergenciais – garante o gerente de Projetos de Perdas.