Fortes candidatas ao pódio, as ginastas Rebeca Andrade e Simone Biles não conquistaram medalhas na final da trave nos Jogos Olímpicos de Paris na manhã desta segunda (5). A americana caiu do aparelho depois dos mortais e ficou na quinta posição. A brasileira fez uma apresentação sem quedas, mas recebeu nota menor do que as três primeiras, terminando em quarto.
A decepção tomou conta de quem acompanhava as apresentações. Logo, as expressões “que roubo foi esse?”, “como assim?” e “que nota é essa?” estavam entre os assuntos do momento no Brasil no X (antigo Twitter). A explicação, contudo, está na forma como a nota de cada atleta é composta, já que há pontuações relacionadas à dificuldade e à execução.
Alice D'Amato, da Itália, garantiu o ouro com uma nota de 14.366, sendo 5.800 de dificuldade e 8.566 de execução. A prata ficou com a chinesa Yaqin Zhou, que teve um leve desequilíbrio e se segurou na trave, ganhando um 14.100 — apesar do desconto na execução (7.500), sua dificuldade foi maior: 6.600. O bronze foi da italiana, com 14.000 (5.800 de dificuldade e 8.200 de execução).
Rebeca fez uma série mais simples, obtendo uma boa nota pela execução (8.233), mas 5.700 pela dificuldade, fechando com um total de 13.933. Mesmo caindo, Simone teve 13.100, já que sua dificuldade foi 6.200 e, execução, 7.200.
De acordo com o Olympics.com, até os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, a pontuação máxima que um ginasta poderia atingir era 10. Em 2006, contudo, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) elaborou um novo código de pontos, dividindo a nota em duas partes: dificuldade e execução. Assim, o valor final obtido pelas atletas é a soma dos dois fatores, podendo chegar, no máximo, a 20 — o que nunca ocorreu.
Entenda a diferença entre as notas de dificuldade e de execução
Ainda conforme o site oficial das Olimpíadas, a nota de dificuldade avalia o conteúdo técnico da apresentação dos atletas — ou seja, o valor dos elementos utilizados. Cada um dos movimentos possui uma pontuação pré-estabelecida no código.
Durante as competições, dois árbitros são responsáveis por anotar cada movimento feito e atribuir o seu valor final. Esses profissionais também conferem se o atleta realizou todos os exercícios obrigatórios de cada aparelho, o que garante até 2,5 pontos.
Em relação aos elementos não obrigatórios, os juízes selecionam as oito acrobacias mais difíceis no feminino e as 10 no masculino. O salto, entretanto, é o único aparelho que possui um valor já estabelecido, por ser um único elemento. Segundo o Olympics.com, o salto Cheng realizado por Rebeca é um dos mais difíceis do código e vale 5,6 de dificuldade.
Já na nota de execução, os árbitros observam como cada elemento apresentado na série é feito pelo ginasta, avaliando se a realização dos movimentos condiz com os requisitos de execução presentes no código de pontuação.
Ao contrário da nota de dificuldade, que parte de zero, a de execução começa em 10 e o atleta vai perdendo pontos de acordo com os erros cometidos. Os ginastas ainda podem sofrer penalizações em alguns casos, como pisar fora da linha demarcada no solo ou no salto, por exemplo.
A nota de execução não pode ser contestada pelos atletas, mas a de dificuldade, sim. Assim, se a equipe entender que a série apresentada valia uma pontuação maior, pode entrar com pedido de reavaliação.
Nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023, a atleta brasileira quase atingiu a perfeição no salto Cheng. Rebeca obteve 9,733 de execução, somando 15,333.