Campeão olímpico em Atenas 2004 e prata em Pequim 2008, Gustavo Endres está confiante na chance do vôlei brasileiro alcançar mais uma medalha em Tóquio 2020. O ex-jogador foi convidado da live "Medalha Olímpica", de GZH, nesta sexta-feira (9).
— Estava receoso de como a seleção voltaria depois de um ano sem jogar. Deu para ver nessa Liga das Nações uma equipe muito forte e bem concentrada nos momentos mais difíceis. E com um líder que está lá desde a minha geração de 2008, o Bruninho. A cada ano está melhor e mais experiente. Com a recuperação do Lucarelli e o momento do Lucão, somos sim um dos favoritos para a medalha — projetou Endres.
Aos 45 anos, o gaúcho de Passo Fundo trabalha na direção do APAV Vôlei, de Canoas. Os filhos Eric, 21 anos e Enzo, 17, dão os primeiros passos em quadra. O mais velho no Sesi, em São Paulo, enquanto o mais novo ainda estuda em Porto Alegre e joga no Grêmio Náutico União. Gustavo conta que torce para que eles vinguem no esporte, mas que tenta não pressionar ou conduzir a trajetória deles. O pai preza pela excelência em qualquer que seja a profissão escolhida por eles.
— É um sonho que temos, mas eles têm um caminho mais complicado do que o que eu e o Murilo (seu irmão) fizemos — comentou.
Confira os destaques da live Medalha Olímpica
Começo no vôlei e sonho olímpico
Na minha infância, quando eu jogava em Passo Fundo, e lá em 1984 o Brasil conquistou a primeira medalha de esportes coletivos com o vôlei, me espelhei muito no Paulão e naquela geração. Isso me deu muita força, motivou muito. Os caras vibravam a cada ponto, mostrava o quanto era especial disputar uma olimpíada, ainda mais ganhar uma medalha. Sonhava muito com isso. No ano seguinte tentei uma peneira e passei. E aí tudo aconteceu muito rápido.
Começar entre as referências e virar uma
Aquela geração mostrou que nosso país era diferenciado no vôlei. Levou muitos jovens para o esporte. Quando cheguei na seleção adulta em 1997 e tinha Paulão, Carlão, Maurício, Marcelo Negrão, caramba, te dá um baque. Tu só via eles na seleção e em pódio. Poder aprender deles e colocar em prática depois é muito especial.
As maiores lembranças em quadra
O que mais me deixa feliz é quando se sobe no pódio depois de receber a medalha e a bandeira sobe com o hino. Isso é inesquecível. Todos abraçados, quase todos chorando. É uma a cada quatro anos, é muito tempo, muita coisa pode acontecer. Tem que ter um carinho na lembrança pelo resto da vida. Lembro demais também da derrota em 2008 para a equipe norte-americana. Aquela ali me tira o sono. Já sonhei um milhão de vezes que tinha ganho aquele jogo. Parar aquele Stanley, que foi o melhor jogador. Como que eu não peguei ele!? São momentos. Aquele dia eles jogaram melhor. E aí a gente se pergunta: por que não forcei mais aquele saque? Por que que não rodei melhor aquela bola, por que "o desgraçado" do Giba não derrubou aquela outra? (risos) A gente xinga todo mundo na cabeça.
E em 2021 teremos medalha?
Temos esperança de que a boa fase continue. Fomos campeões da Liga das Nações e vamos brigar por medalha. No vôlei de praia também.
Com a bola no pé, qual a expectativa para o Gre-Nal?
Estou sofrendo com o que acontece com a dupla Gre-Nal. Sou colorado e gosto de sacanear geral, mas está sofrido. Não entendo por que que o Aguirre coloca os atletas em posições diferentes. Poxa vida, vamos botar cada um na sua posição de origem e deixar o time desenvolver. No Grêmio vejo que tem problema no vestiário desde a saída do Renato. Com todo respeito, era "um desgraçado", como conseguia levar aqueles caras a tanta conquista?! Chegou a ser um dos melhores times da América. Agora não teve continuidade. Nem nos meus sonhos eu veria este Grêmio em último lugar para eu sacanear os vizinhos.