Encontrar um atleta brasileiro que viva melhor fase do que Arthur Zanetti é uma tarefa complicada. Atual campeão olímpico, campeão mundial em 2013 nas argolas, o paulista de 24 anos começou 2015 com tudo. Nas duas primeiras etapas do circuito mundial, dois ouros em Düsseldorf, na Alemanha, e Doha, no Catar.
Mesmo assim, Zanetti afirma que não está no pico da carreira. Planeja os passos do treinamento para chegar ao mais alto nível em 2016, nos Jogos do Rio. Antes um crítico da falta de estrutura no Brasil, hoje elogia a evolução com novos equipamentos e comemora o que vê como uma mudança de patamar da ginástica brasileira.
Nesta entrevista a ZH, Zanetti só mostra preocupação com a possibilidade de o investimento no esporte diminuir após a Olimpíada.
Com os resultados recentes, você diria que passa pelo melhor momento da carreira?
Não. Por enquanto não. Começou o ano agora. Tive dois bons resultados, mas é bem o início. Não poderia dizer que é a melhor fase.
Há um planejamento de longo prazo para garantir que você chegue na Olimpíada no mais alto nível?
Certamente. Nós sempre trabalhamos para chegar na competição objetivo do ano na melhor fase. Nós fazemos uma periodização na preparação para que isso aconteça.
Como você compararia um eventual ouro na Olimpíada em casa com o conquistado em Londres?
Teria um gosto a mais por estar em casa. Isso é bom, por ter familiares e amigos mais perto. Ajuda. Seria uma satisfação a mais, com certeza. Você chegou a Londres como um desconhecido do público e, a partir do ouro, passou a ser reconhecido.
O que mudou na sua vida desde 2012?
Mudou justamente essa parte, de ser mais reconhecido. Também nas competições, a visão dos outros atletas e dos árbitros é diferente.
Após a Olimpíada, você reclamou de problemas de estrutura e falta de condições de treinamento. Houve evolução?
Sim. Vi muita evolução em todos os equipamentos. Hoje temos aparelhos de marcas importadas que são utilizadas mundialmente. Neste quesito, estamos muito bem. Nos últimos anos, a ginástica viu surgir uma série de ídolos, referências do esporte com ótimos resultados.
As gestões souberam aproveitar esse momento?
Sim. Com o tempo passando, a estrutura veio aumentando e o investimento também. Conforme os resultados foram crescendo, essa estrutura também veio junto. É só comparar: há 15 anos, o que a ginástica tinha e o que ela tem hoje? Mudou bastante, e, com certeza, mudou para melhor.
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Há quem tenha receio de que o investimento no esporte seja reduzido após a Olimpíada. Como você vê o planejamento do esporte brasileiro para o pós-2016?
Isso não pode acontecer. Só porque a Olimpíada terminou, acaba o investimento. Temos outras Olimpíadas pela frente. O esporte não vai acabar em 2016. O incentivo tem de ser mantido. Virão novos atletas para substituir as atuais seleções. O ciclo não para e o investimento tem de continuar.
Você acredita que se faz investimento suficiente na base para que esses novos talentos se desenvolvam?
Acho que se faz investimento, mas poderia ter um pouco mais. A equipe principal tem muito incentivo. Há um trabalho de base, mas acredito que poderia ser mais incentivada, assim como os treinadores que trabalham com os jovens.
Entrevista
"O esporte não vai acabar em 2016", diz o campeão olímpico Arthur Zanetti
Antes um crítico da falta de estrutura no Brasil, hoje elogia a evolução com novos equipamentos e comemora o que vê como uma mudança de patamar da ginástica brasileira
André Baibich
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