Os atletas que têm direito ao Bolsa Pódio, benefício pago pelo governo federal a quem tem chance de conquistar medalhas na próxima Olimpíada, não recebem as quantias repassadas pelo Ministério do Esporte desde dezembro do ano passado.
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O programa contempla atletas que estão entre os 20 primeiros do ranking mundial e que tenham, na avaliação do Ministério do Esporte, capacidade para figurar entre os três melhores de suas modalidades nos Jogos de 2016.
Nomes de campeões olímpicos como Cesar Cielo, da natação, e Sarah Menezes, do judô, constam entre os que têm direito a receber o benefício que varia entre R$ 5 mil e R$ 15 mil e faz parte do Plano Brasil Medalhas, conjunto de ações do governo federal para garantir um bom desempenho do país na próxima Olimpíada.
- É um valor que corresponde a 80% da minha renda. Um dinheiro que tenho utilizado para viajar para as competições. Dia 6 de abril, vou à Ucrânia com o restante das minhas economias. Depois, se o dinheiro não entrar, não tenho como competir. Conheço atletas que tiveram que pegar empréstimos por conta do atraso - relata Diogo Silva, quarto colocado no taekwondo nos Jogos de 2004 e 2012.
Após 12 anos defendendo a equipe brasileira da modalidade, Silva decidiu montar seu próprio cronograma de competições para se preparar para os Jogos. Os atrasos nos pagamentos colocam em risco seus planos de garantir vaga pelo ranking mundial. Indignado, publicou, em sua página no Facebook, mensagem em que revelava a situação.
- A maior parte dos atletas que recebem o Bolsa Pódio tem lugar garantido na Olimpíada. Eu tenho que somar pontos no ranking. Se não tiver dinheiro para viajar, não tenho como - lamenta.
Contatado por ZH, outro beneficiário, que preferiu não se identificar, revelou que o problema é recorrente. Segundo o atleta, os repasses previstos no contrato costumam ser honrados, mas a demora nos depósitos provoca incertezas.
- Ficamos vários meses sem receber, e, de repente, eles depositam o valor de todo esse período de uma vez só. Cheguei a receber o valor de cinco parcelas em um só mês. A quantia é ótima, mas dificulta o planejamento. Não dá para contar com o dinheiro - critica.
Através da assessoria de imprensa, o Ministério do Esporte comunicou que fará o pagamento da primeira parcela do Bolsa Pódio até a próxima semana. Esclareceu também que aguarda a sanção do Orçamento Geral da União para pagar os valores referentes às demais parcelas. A nota ainda afirma que os atletas são orientados a guardar parte das quantias quando recebem mais de uma parcela por vez.
Confira, na íntegra, a manifestação do Ministério do Esporte:
Em julho do ano passado, o atleta Diogo Silva foi aprovado no programa Bolsa Pódio. Entre setembro e dezembro, recebeu quatro parcelas de R$ 8 mil, totalizando R$ 32 mil. Neste ano, ele receberá as oito parcelas restantes.
O Ministério do Esporte efetuará o pagamento da primeira parcela de 2015 do programa até a próxima semana. E aguarda a sanção do Orçamento Geral da União para fazer o pagamento das demais parcelas deste ano. É importante destacar que Diogo Silva foi patrocinado pelo programa Bolsa Atleta em 2013, quando recebeu R$ 37,2 mil - montante quitado em três pagamentos, sendo que o último ocorreu em fevereiro de 2014, quando ele recebeu R$ 27,9 mil, relativos a nove das 12 parcelas. Além disso, ele é atleta da Marinha do Brasil, de onde também recebe apoio com recursos federais, dentro do planejamento governamental para apoiar atletas olímpicos.
O Bolsa Atleta é um programa de patrocínio direto do governo federal aos atletas. Quando o atleta é contemplado, tem direito a receber o equivalente a 12 parcelas do valor da categoria de bolsa para a qual foi selecionado. A coordenação do programa pode definir a quantidade de parcelas a ser paga de cada vez, conforme o planejamento do Ministério do Esporte. Por isso, o Ministério sempre recomenda aos atletas - por meio de comunicados - que se organizem para guardar uma parte do valor quando recebem mais de uma parcela por vez, para não correrem o risco de ficarem sem dinheiro nos meses seguintes.
A bolsa tem validade pelo período de um ano e, mesmo que a agenda de pagamentos seja encurtada, o novo período só começa a valer quando for aberta nova fase de inscrições e iniciarem os pagamentos do novo exercício. Por isso, a orientação sobre a melhor gestão dos recursos.
*ZHESPORTES