
— Essa partida contra o Brasil vai ser duríssima.
A declaração do seu Jorge, recepcionista do hotel em Buenos Aires, surpreendeu a este repórter. Pelo bom momento do time de Lionel Scaloni e pela má fase brasileira, a frase parecia uma maliciosa "vacina". Mas não.
Após circular por algumas horas na capital argentina, percebi que o respeito dos hermanos ao futebol brasileiro é real. Os argentinos de fato estão com medo do clássico de terça (25), no Monumental de Núñez.
— Jogar contra o Brasil é sempre difícil, amigo. É um clássico. E a Argentina tem baixas, está sem o Messi. Não vai ser fácil de jeito nenhum — disse o garçom do restaurante onde almocei, que pediu para ser identificado apenas como Michel.
Olé: "Brasil é Brasil"
O respeito à Seleção Brasileira é ainda mais evidenciado na página 6 do jornal Olé, tradicional diário esportivo argentino, que reproduz uma entrevista com o técnico Lionel Scaloni, com uma declaração do comandante abrindo a página: "Brasil é Brasil".
— O Brasil tem grandíssimos jogadores e sempre será um rival temido e respeitado — disse o treinador campeão mundial em 2022.
Temor por desfalques

Segundo o jornalista Diego Paulich, do Olé, o temor argentino não é protocolar. Além do respeito genuíno à qualidade do Brasil, há receio na Argentina pelos desfalques.
— Vai ser uma partida muito dura. Aqui, nunca se subestima o Brasil, ainda que o time não venha tão bem e não tenha os craques de outras épocas. Além disso, é importante lembrar que a Argentina tem baixas importantes, especialmente Lionel Messi — pondera.
Messimania
Porém, não é exatamente uma verdade que o craque do Inter Miami está totalmente fora do jogo. Mesmo ausente por lesão, o camisa 10 é quem dá as boas vindas a todos os visitantes em Buenos Aires. Quem desembarca no aeroporto de Ezeiza e se desloca rumo ao centro da capital argentina, vê a imagem de Messi por toda a parte, em outdoors, posters, revistas, bonecos e souvenirs, em lojas e bancas de revistas.
— O boneco do Messi é um dos itens mais procurados pelos turistas estrangeiros — me contou o vendedor de uma banca de jornais, que vendia o souvenir por 6 mil pesos argentinos (cerca de R$ 32).

A verdade é que Messi tornou-se um símbolo da Argentina. Tanto que, na movimentada 9 de Julho, principal avenida do centro da capital argentina, a tradicional imagem da ex-primeira dama Eva Perón, eternizada na fachada do prédio do Ministério da Saúde, é hoje ofuscada por un gigantesco poster publicitário do outro lado da via, com um desenho do camisa 10 com as cores da Argentina.
Porém, os argentinos gostariam mesmo era que o craque da Copa do Mundo de 2022 saísse do outdoor e reforçasse o time de Scaloni na partida de terça (25), às 21h, no Estádio Monumental de Nuñez.