A atleta gaúcha Luisa Giampaoli morreu nesta sexta (26). Aos 29 anos, ela estava internada na UTI do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), em Pelotas, desde o último sábado (20). A corredora convivia há um mês com dores de cabeça, febre e perda de memória. O marido, Eduardo Schmit, afirma que ela foi diagnosticada com leptospirose. Nos últimos dias, as principais suspeitas eram de edema cerebral. Ele também reclama de negligência médica.
O HUSFP confirmou a morte, porém não a causa. Segundo a nota divulgada para a imprensa, o "prontuário médico é um documento sigiloso". O hospital não pretende responder às reclamações de Schmit.
Em um vídeo no Instagram, logo após ser informado da morte de Luisa, o marido Eduardo Schmit desabafou e prometeu ir em busca de justiça.
— Estou indignado. Ela acabou de falecer. Foi negligência o que fizeram com ela. O Brasil inteiro sabe. Foi um absurdo. Falaram que ela nunca tinha nada. Eu quero justiça. Por favor, me ajudem a ter justiça. Isso não pode ficar impune. É uma vergonha a saúde de Pelotas. Dói demais — disse.
A pelotense integrou a seleção brasileira de atletismo no Campeonato Ibero-Americano, realizado em maio, em Cuiabá. Na última edição da Corrida Internacional de São Silvestre terminou em 17º lugar na elite (top 10 entre as brasileiras). Em 23 de junho, ela venceu o Poa Day Run, em Porto Alegre, na categoria 10km feminino.
Entenda o caso de Luisa
Os primeiros sintomas de Luisa Giampaoli foram dor de cabeça e tontura, no final do mês de junho. Mesmo com esta debilitação, a atleta participou da Poa Day Run e terminou na primeira colocação. Entretanto, com o agravamento dos sintomas e o surgimento de febre e perda de memória, ela precisou ser internada no Pronto Socorro de Pelotas.
Por lá foram seis dias em uma maca no corredor do prédio. Uma primeira avaliação médica apontou “dengue simples” e, por esta razão, passou por um teste de detecção. Segundo o marido, Eduardo Schmit, que lhe acompanha na hospitalização, foram seis dias sem medicação. No último dia, após um novo exame, Luisa foi diagnosticada com leptospirose.
A partir deste diagnóstico, Luisa Giampaoli passou a receber a medicação adequada. Ela recebeu alta hospitalar, mesmo sem estar curada, para seguir o tratamento em casa, evitando assim o incômodo de estar no corredor do Pronto Socorro de Pelotas. No entanto, a condição de saúde da atleta se agravou no último final de semana.
Conforme Eduardo Schmit, além das dores de cabeça persistirem, a esposa passou a ter dificuldade na fala. Sendo assim, foi necessária uma nova internação. Desta vez, o Pronto Socorro de Pelotas lhe encaminhou para o Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), também na cidade da Zona Sul.
Atendida pelos neurologistas do hospital, ela passou exames de tomografia na cabeça em razão das dores. Entretanto, segundo o marido, não foi realizado o exame de ressonância. Com o agravamento do quadro, Luisa precisou ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e entubada. Conforme o HUSFP, ela segue em estado grave.
Nas redes sociais, na quarta-feira (24), Eduardo Schmit afirmou que ouviu dos médicos do hospital que o quadro era irreversível.
— Pelas mãos dos homens não tem mais volta, só por Deus — disse Schmit.
O marido estava em busca de uma licença do local para que outros neurologistas pudessem avaliar a esposa, na esperança de uma reação. Ela teve a morte confirmada na tarde desta sexta-feira (26).
Resposta da Secretaria Municipal de Saúde
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o caso está sendo acompanhado pela pasta juntamente com a direção do Pronto Socorro de Pelotas.
A SMS relata que com base na análise dos registros em prontuário de Luísa de Souza Giampaoli, 29 anos, durante suas passagens pelo Pronto Socorro do município, a paciente teve sua ficha de atendimento médico aberta no dia 27 de junho às 4h42, quando recebeu atendimento pela equipe médica, foi medicada e realizou exames laboratoriais e de imagem.
De acordo com a Secretaria, a paciente ficou no PS para aguardar leito hospitalar de enfermaria. O quadro clínico na ocasião era estável e com sinais vitais normais. Ela foi internada no Hospital São Francisco de Paula, instituição com maior complexidade, no dia seguinte (28), às 16h05, para dar continuidade à investigação clínica, monitoramento e tratamento.
A paciente retornou para atendimento médico no PS, para onde foi levada pela SAMU, no dia 19 de julho, às 21h17, com histórico de ter recebido alta hospitalar recente do HUSFP, apresentando piora do quadro clínico. A paciente permaneceu no PS para aguardar leito hospitalar, o que ocorreu no dia seguinte (20), às 11h, no Hospital São Francisco de Paula, para continuar com o tratamento e monitoramento.
A SMS reitera que, nos dois momentos em que esteve em atendimento médico no PS, a paciente recebeu os cuidados médicos e de enfermagem adequados, com solicitação de exames e tratamento clínico disponíveis e pertinentes ao caso, e foi encaminhada com prioridade para instituição hospitalar a fim de dar continuidade ao tratamento na instituição que havia sido hospitalizada previamente.