— A voz dele me lembrou as manhãs de domingo — revelou Carlos Teixeira ao deixar a exposição "Eu, Ayrton Senna da Silva".
O empresário e analista de sistemas foi um dos primeiros a visitar a mostra inaugurada nesta sexta-feira (13), no BarraShoppingSul. A exposição foca menos em quem foi o piloto Senna e mais em quem foi Ayrton, filho de Dona Neyde e irmão de Viviane. É a partir das vozes dos três que emerge um pouco da intimidade e da vida pessoal de Beco, como era chamado pelos familiares.
As declarações de Senna são o cerne de tudo. Uma parte dos depoimentos são com o áudio original, a outra é reproduzida através da inteligência artificial. Foram analisadas mais de 200 horas de gravações para a produção dos depoimentos, todos baseados em manifestações reais. A narração é feita no tempo presente, como se Senna seguisse vivo.
— A intenção é mostrar também o homem Ayrton Senna. Nossa ideia era colocar o próprio Ayrton para contar a história e valorizá-la — explica Paola Santilli, curadora da exposição e responsável pela área de licenciamento de eventos do Instituto Ayrton Senna.
O espaço foi dividido em 12 ambientes que retratam nove temas diferentes. A cada curva uma novidade, como objetos pessoais de Senna, desde seus tempos de criança, passando pelo período no kart, a ida para a Inglaterra, seus hobbies, o retorno ao Brasil, o reencontro com o automobilismo, troféus e memórias de suas vitórias.
Entre as partes interativas, é possível ter acesso a uma playlist com as músicas que o ídolo ouvia no seu tempo livre. A lista é eclética, com artistas de variados estilos.
Em um dos momentos mais marcantes do traçado da exposição está a reconstrução da dobradinha com Galvão Bueno nas manhãs de domingo. É possível ouvir o narrador indo ao delírio em uma das vitórias do piloto no Grande Prêmio do Brasil, seguido de um longo depoimento de Senna sobre a maneira como ele enxergava a vida, como encarava os desafios e sobre seu crescimento dentro e fora do cockpit de um Fórmula-1.
Ali a intenção é oposta àquela que o tricampeão mundial fazia na pista, acelerando o máximo possível para cruzar a linha de chegada o quanto antes. O objetivo está em fazer o público ir em ritmo de volta de apresentação para aproveitar cada uma das etapas.
Foi o que fez Carlos Teixeira, autor da frase que abre este texto. Vestindo uma jaqueta da Williams, que foi do próprio Senna e ganha de amigos ligados ao ex-piloto, o fã foi um dos primeiros a fazer a visitação.
— Sou um seguidor da profecía de Senna. Vivo de acordo com a doutrina de vida. Sigo tudo aquilo que ele falava. Na época em que ele corria, o Senna virou um vício para mim. Eu tinha tudo relacionado a ele — explica.
A entrada da mostra custa R$ 45 (R$ 22,50 a meia entrada). Parte da arrecadação será destinada destinado para ações de responsabilidade social do Instituto Ayrton Senna. Ao receber a bandeira quadriculada, fica a sensação de que se saiu de uma conversa com o próprio Ayrton.
Quem foi Ayrton Senna
Pode não parecer, mas o Brasil foi uma potência no automobilismo entre os anos 1970 e 1990. Ayrton Senna foi um dos expoentes brasileiros na modalidade, sendo tricampeão mundial de Fórmula-1 (1988, 1990, 1991). Em 161 corridas, venceu 41 corridas e cravou 65 pole positions, um recorde naquele período. Senna morreu em 1o de maio de 1994, quando se acidentou no Grande Prêmio de San Marino.
Serviço
Exposição Eu, Ayrton Senna da Silva
- Quando: de 13 de janeiro a 5 de março, de terças a sábados, das 10h às 22h, domingos e feriados, 11h às 21h
- Local: Centro de Eventos do BarraShoppingSul
- Ingressos: R$ 45, R$ 22,50 meia-entrada, compras pelo App Multi e na bilheteria do local