Multicampeão como jogador, Rogério Ceni conquistou, na noite desta quinta-feira (25), seu primeiro título brasileiro como treinador. Comandante do octacampeonato do Flamengo, ele também foi eleito o melhor treinador da competição na eleição da Bola de Prata Placar/ESPN. A conquista é marcada por uma temporada de turbulências para ele e para o clube. Após passar por São Paulo, Fortaleza e Cruzeiro, o título começa a consolidar o seu nome entre os principais técnicos do país.
No comando do Flamengo desde novembro, a campanha foi marcada por altos e baixos. Tanto é que a conquista da taça não é sinônimo de permanência no Ninho do Urubu. Logo na arrancada, sofreu duas eliminações: caiu para o São Paulo, na Copa do Brasil, e para o Racing, pela Libertadores.
Com o apenas o Brasileiro pela frente, a chance de título muitas vezes pareceu distante e gerou desconfiança por parte dos torcedores. Polêmicas com Gabigol e o desabafo de vergonha pelo desempenho, como aconteceu com Arrascaeta, foram alguns dos episódios enfrentados por Ceni. Mas a reta final do Brasileiro trouxe uma nova perspectiva.
Na vitória sobre o Vasco por 2 a 0, na 34ª rodada, a equipe carioca ficou a dois pontos do então líder Inter e mobilizou uma frase característica dos torcedores: “estão deixando chegar”. Depois, empatou com o Bragantino e venceu o Corinthians antes de chegar ao confronto direto na penúltima rodada.
Ao vencer o Inter no Maracanã, o Flamengo de Ceni assumiu a liderança pela primeira vez no Brasileiro, e de lá não saiu. Mesmo com a derrota para o São Paulo, na noite desta quinta-feira (25), por 2 a 1, terminou o torneio na primeira colocação, graças ao 0 a 0 entre Inter e Corinthians.
Após o título, Ceni já está entre os principais profissionais do Brasil? GZH ouviu comentaristas sobre o tema.
Paulo Vinícius Coelho, comentarista do SporTV
"Rogério ainda tem um desafio: ser amado por sua torcida. A torcida do Flamengo não está convencida de que o Rogério é esse cara. Mas ele se consolida. Ele claramente é um técnico que quer ser ousado, ofensivo, buscar o gol o tempo inteiro. Mas, por vezes, ele vai para o seu instinto, que é o mais experiente, mais forte, mais alto. Ele vai ter esse processo de amadurecimento, mas como se imaginava, ele rapidamente, no seu terceiro campeonato de Série A, é campeão brasileiro. É um técnico extremamente promissor."
Eraldo Leite, comentarista da Rádio CBN, do Rio de Janeiro
"Rogério Ceni teve um começo difícil no Flamengo, afinal ele não pegou o trabalho desde o início. É um técnico em formação, tem muita coisa pelo caminho, apesar de todo o seu conhecimento. Precisa de tempo. Uma coisa é ser comandado, líder de um grupo, outra coisa é comandar. O começo dele foi instável até conseguir se equilibrar. Teve o discernimento de, quando a defesa era o principal problema, trazer para a zaga o Willian Arão e achar um lugar para o Diego. Ali, o Flamengo se acertou e arrancou para o título brasileiro. Aos poucos, ele vai se consolidando como técnico de grandes clubes brasileiros, mas ainda está no meio do caminho."
Washington Rodrigues, o Apolinho, ex-técnico do Flamengo e colunista do jornal O Dia
"Rogério Ceni chegou sem conhecer o Flamengo, demorou para achar o interruptor e ligar a luz. Ainda assim, teve altos e baixos. Teve momento em que o Arrascaeta falou que jogando daquela forma, o Flamengo não merecia ser campeão. Mas acabou dando certo, mais até por falhas dos adversários, do que mérito do Flamengo. Rogério Ceni não acrescentou muitas coisas ao time do Flamengo. Pode melhorar e deve melhorar, é competente, desde que tenha tempo para trabalhar, coisa que ele não teve."