Novos áudios telefônicos de Robinho e seus amigos, gravados com autorização da Justiça italiana, foram revelados pelo portal Uol Esporte nesta sexta-feira (11). Nos trechos, o jogador brasileiro ri ao falar sobre o caso e aconselha Ricardo Falco, outro acusado, a voltar ao Brasil para evitar ser preso.
Na quinta-feira, Robinho teve sua condenação confirmada em segunda instância por estupro coletivo contra uma mulher de 23 anos, em Milão, em 2013.
— Se os caras mandarem eu ir lá depor vai ser foda, vou falar o que para minha nega? Vou lá depor para quê? Oito cara "rangaram" a mina. Ó que fase que eu tô — disse Robinho, por telefone, a um amigo, em transcrição anexada ao processo em 18 de novembro e obtida pelo UOL Esporte.
Mais tarde, ao relatar uma conversa com Ricardo Falco, que estava sendo convocado a depor à polícia, Robinho diz:
— Cara, você quer um conselho? Não vai nem lá, volta para o Brasil, pelo menos tu não fica em cana (risos).
Preocupação com gravidez
Em um dos trechos, Robinho e um amigo (identificado como Amigo 1) se mostram preocupados com a possibilidade de a vítima estar grávida porque isso fortaleceria sua acusação.
Amigo 1: Neguinho, por exemplo, se a mina não teve, não pega nada, mas se ela teve filho aí é DNA, né?
Robinho: Então, e agora, mano? Vai entender se a menina teve filho. Ninguém sabe se ela teve, se ela não teve, a polícia não vai falar.
Amigo 1: Então, por exemplo, se ela não teve filho é a palavra dela contra a da gente, não tem como ela acusar, agora se ela teve filho é puxado, hein?.
Robinho: É, então, mas eu não sei se a menina teve ou se não teve. O cara que o Jairo (músico que tocava na boate no dia do crime) contratou falou assim: "Ó, a única coisa boa é que os caras tá lá no Brasil e na discoteca não tinha câmera, porque se pegasse a câmera os caras iam pegar eles até no Brasil, como não tinha câmera vai ficar meio embaçado pra mina provar que estupraram ela se ela não estiver grávida".
Preocupação com a imprensa
Robinho passou a temer que o caso pudesse atrapalhar sua carreira, como o decorrer da investigação.
Robinho: Eu tô com medo se os caras me chamarem para depor, eu não sei, tomara a Deus que, o meu medo é esse, o meu medo é sair na imprensa, "Amigos de Robinho estupraram menina lá na Europa", meu medo é esse.
Amigo 1: Nossa.
Robinho: Ó a falha, ó a falha, foda mano, tô com a cabeça um trevo aqui mano.
Amigo 1: Agora até a minha ficou. Se sair no Globo.com, cai todo mundo por tabela.
"Desesperados em cima dela"
Robinho afirmou que não chegou a ter relação com penetração com a mulher. Em público e no processo, o jogador tem dito que apenas recebeu sexo oral dela. À polícia, a vítima afirmou ter sido "abusada" pelo jogador e seus amigos. No final da conversa interceptada, Robinho confirma que viu os companheiros, "desesperados", transarem com a moça. Ele usa termos jocosos para se referir, entre risos, ao ato sexual.
Robinho: Eu lembro que foi, quem tava desesperado era (amigo 3) e (amigo 2) em cima da mina. (Amigo 3) e (amigo 2) tava num desespero da porra.
Amigo 1: Neguinho vai, quando eu cheguei lá os cara tava trabalhando já, eu só entrei no trabalho.
Robinho: Então, eu também, porque eu nem consegui tirar o doze, mano, fazer o que, agora os caras (risos). (Doze seria uma referência ao órgão sexual masculino. Robinho alega que não penetrou a mulher por impotência).
Amigo 1: Os caras tavam trabalhando já, eu só fui dar uma força.
Robinho: (Risos) trabalhando... (risos)
Amigo 1: É, mano, por mim já tinha ido embora já, eu queria ir embora.
Robinho: Quero vê se a mina tá com um carnê, aí eu quero vê mano.
Amigo 1: Puta aí o bicho pega, pega pra todo mundo.
Robinho: Pra todo mundo não, eu não ranguei, eu tenho certeza que eu não tenho nada, agora quem rangou, que foi você que eu vi, eu sei...
Amigo 1: Eu tava de caneleira, eu tava com caneleira, né. (Caneleira seria uma referência a preservativo).
A pena de nove anos de prisão foi confirmada quinta-feira (10) pelo Tribunal de Apelação de Milão. A defesa do jogador, que se diz inocente, afirmou que vai recorrer à terceira instância. Robinho e Ricardo Falco têm direito de aguardar seus recursos em liberdade. Outros quatro amigos, que teriam participado do crime, não foram processados, porque durante o inquérito já estavam no Brasil, longe da jurisdição italiana.