Nenhuma seleção disputa a Copa América mais pressionada que a Argentina. Sem conquistar um título oficial desde 1993, os argentinos enfrentam a Venezuela nesta sexta-feira (28), às 16h, no Maracanã, em busca de uma vaga na semifinal para manter viva a esperança de quebrar o jejum e ver o craque Lionel Messi levantar sua primeira taça com a camisa albiceleste.
Se a Argentina vencer a Venezuela e o Brasil passar pelo Paraguai, brasileiros e argentinos se enfrentarão na semifinal em um clássico que deverá ser o grande momento da Copa América. Se isso ocorrer, a pressionada equipe de Messi voltará a enfrentar um dos seus fantasmas no longo período de jejum.
Desde que conquistou a Copa América de 1993, no Equador, onde passou pelo Brasil nas quartas de final, a Argentina foi eliminada todas as vezes que enfrentou a Seleção Brasileira em Copas América. O confronto entre as duas principais forças do continente ocorreu em 1995, 1999, 2004 e 2007. Em três dessas edições, o Brasil sagrou-se campeão.
Gol de mão de Túlio e Dida pegando pênalti
Após ser eliminado em 1993, o Brasil deu o troco na Argentina dois anos depois. Na Copa América de 1995, no Uruguai, a Seleção Brasileira eliminou os argentinos na mesma fase de quartas de final também nos pênaltis. A partida, porém, ficou marcada por um lance que ocorreu durante os 90 minutos.
A Argentina vencia por 2 a 1 até os 36 minutos do segundo tempo, quando Túlio recebeu cruzamento de Jorginho, dominou e bateu na saída do goleiro Cristante para empatar a partida. O que o árbitro peruano Alberto Tejada não percebeu foi que o atacante brasileiro usou o braço para dominar a bola. Nove anos após o gol da "Mão de Deus" de Maradona, contra a Inglaterra, na Copa do Mundo, a Argentina sofria com a mesma moeda. Ainda com o clima quente pelo gol de Túlio, o Brasil levou a melhor nos pênaltis, por 5 a 3, com Taffarel defendendo duas cobranças.
Brasil e Argentina voltaram a se enfrentar pela Copa América em 1999, no Paraguai. E novamente teve goleiro brasileiro defendendo pênalti. Dida pegou uma cobrança do zagueiro Ayala e a Seleção Brasileira venceu no tempo normal por 2 a 1, gols dos craques do penta Rivaldo e Ronaldo. Sorín marcou para os argentinos.
Brasil bicampeão sobre a Argentina
Os dois confrontos seguintes entre Brasil e Argentina foram em finais. Em 2004, novamente teve pênaltis. Na decisão da Copa América disputada no Peru, a Argentina vencia por 2 a 1 até os 47 do segundo tempo, quando o centroavante Adriano fez o gol que empatou a final. Nos pênaltis, D’Alessandro e o zagueiro Heinze perderam suas cobranças e a Seleção Brasileira conquistou o título.
Três anos depois, na Venezuela, a Argentina, já com Lionel Messi, voltou a encontrar o Brasil em uma final. Ampla favorita com nomes como Riquelme, Verón, Crespo e Tevez no elenco, a Argentina enfrentou um Brasil de Dunga bastante questionado e sem as principais estrelas que disputaram a Copa do Mundo de 2006.
O favoritismo argentino não apareceu no campo. Com um time sólido na defesa, o Brasil apostou nos contra-ataques e contou com grandes atuações de Júlio Baptista e Daniel Alves para golear por 3 a 0 e impor mais uma vitória sobre a Argentina pela Copa América. Essa derrota na Venezuela foi a primeira das quatro finais perdidas por Messi com sua seleção.
Antes do eventual clássico na semifinal, um pequeno tabu a quebrar
Para chegar à semifinal, a Argentina terá de quebrar um pequeno tabu diante da Venezuela. Sob o comando de Lionel Scaloni, que assumiu após a Copa do Mundo da Rússia, o grupo ainda não venceu nenhuma seleção sul-americana. Vale lembrar que a única vitória na Copa América foi sobre o Catar, equipe asiática que participa do torneio como convidada.
Com Scaloni, a Argentina disputou cinco jogos contra seleções sul-americanas e teve três derrotas e dois empates. Além da queda para a Colômbia e o empate com o Paraguai na Copa América, os argentinos enfrentaram sul-americanos em três amistosos.
Um desses amistosos foi contra a Venezuela. Em março deste ano, no jogo que marcou a volta de Messi para a seleção após a Copa do Mundo, os argentinos perderam para os venezuelanos por 3 a 1, em Madri. Os outros jogos da Argentina contra sul-americanos sob o comando de Scaloni foram contra Colômbia (empate sem gols) e Brasil (derrota por 1 a 0), ambos em 2018.
Vice-campeonatos que aumentam pressão
A Argentina foi a seleção que mais venceu jogos nas duas últimas edições da Copa América. Em 2015 e 2016, os hermanos terminaram suas campanhas de forma invicta, mas o título não veio. As derrotas para o Chile nos pênaltis aumentaram a pressão para os anos seguintes e se tornaram um peso a mais para a nova geração que se junta aos experientes Messi, Agüero, Di María e Otamendi.
Em meio a todo esse clima de pressão por título e ainda sem convencer na Copa América, Scaloni voltará a mexer no time para enfrentar a Venezuela. O treinador fez duas mudanças no último treino em relação à equipe que iniciou na Arena na vitória sobre o Catar. O zagueiro Pezzella entrou no lugar do lateral-direito Saravia enquanto Acuña ganhou a vaga de Lo Celso no meio-campo. Será a 13ª escalação do técnico em 13 jogos na seleção.
A provável Argentina para enfrentar a Venezuela tem: Armani; Foyth, Pezzella, Otamendi e Tagliafico; De Paul, Paredes e Acuña; Messi; Agüero e Lautaro Martínez.