As seis vitórias consecutivas para chegar à final lembraram ao mundo que Stephen Curry segue sendo a peça que faz o motor do Golden State Warriors funcionar. Na ausência de Kevin Durant, principal cestinha da equipe nos playoffs, com média de 34.2 pontos por jogo, o armador precisou reassumir o protagonismo que havia deixado de lado desde a chegada do ala ex-Oklahoma City Thunder, em 2016. Liderados por Curry e sem Durant, lesionado, os Warriors iniciam nesta quinta-feira (30) a disputa do título da NBA contra o Toronto Raptors.
Curiosamente, foi após perder o camisa 35 para um problema muscular na panturrilha que o time da Califórnia superou seu pior início de pós-temporada desde 2014 e embalou a melhor sequência nestes playoffs. Com Durant fora, Golden State precisou retornar às origens da geração que deu três títulos à franquia nos últimos quatro anos. Os confrontos de um contra um diminuíram, a bola voltou a girar mais no ataque, os arremessos de longa distância e as jogadas de pick and roll para a infiltração dos armadores voltaram a ser os principais focos ofensivos da equipe de Steve Kerr.
— O pessoal tem falado que o Golden State joga melhor sem o Durant, mas não joga melhor, joga mais bonito. É diferente. O estilo de jogo volta a ser o natural do time, de movimentação incessante. Não que isso não aconteça com o Durant, mas ocorre em menor escala. Estatisticamente, as jogadas jogadas isoladas, de um contra um, são 20 com ele em quadra e 12 sem — explica Ricardo Bulgarelli, comentarista dos canais ESPN.
Fato é que desde a lesão de Kevin Durant, a dois minutos para o final do terceiro quarto do quinto jogo contra o Houston Rockets, é como se Stephen Curry tivesse reativado o modo que o levou a ser eleito duas vezes MVP da liga, o primeiro na história de forma unânime. Nos 14 minutos finais de partida, acertou cinco dos nove arremessos que tentou e terminou a noite marcando os últimos 16 pontos da equipe na vitoria por 104 a 99. No duelo decisivo, fora de casa, foi para o intervalo sem pontuar, mas anotou 33 pontos na volta do vestiário e garantiu os Warriors em mais uma final da Conferência Oeste.
Nos cinco jogos sem Durant, a média de pontos de Curry nos playoffs aumentou de 23.4 para 35.8 por partida. Na série contra o Portland Trail Blazers, por exemplo, arremessou em média 15.2 bolas de três por confronto e liderou a varrida por 4 a 0 sobre o time do irmão mais novo. São números superiores aos da temporada 2015-2016, quando o recebeu todos os 131 para ser nomeado o jogador mais valioso do ano que terminou com os Warriors vencendo 73 dos 82 jogos disputados na temporada regular, quebrando um recorde do Chicago Bulls de Michael Jordan (72 vitórias, em 1995-1996).
Em finais, no entanto, o desempenho do terceiro jogador com mais arremessos de três convertidos na história da liga costuma diminuir. Tanto que nos três títulos da carreira, viu Iguodala (2015) e Durant (2017 e 2018) serem eleito os melhores da decisão. Nada que pareça tirar a tranquilidade do atleta, que afirma estar mais interessado em tornar dos Warriors a sexta franquia a ser campeã três vezes seguidas, a primeira desde o Los Angeles Lakers em 2002.
— É um prêmio especial e que todo mundo quer receber, incluindo eu. Mas no final das contas, a primeira coisa que eu faço é querer saber: você ganhou ou perdeu? Isso (o troféu de MVP das finais) é secundário para você ganhar ou perder, ou provavelmente venha até abaixo na lista — afirmou o armador em conversa com jornalistas após o treino de segunda-feira.
Com Curry MVP ou não, o Golden State Warriors contará e muito com o talento do seu camisa 30 para vencer o Toronto Raptors e chegar ao quarto título nas últimas cinco temporadas.