Terminada a temporada dos campeonatos, começam as especulações de contratações e partidas de Grêmio e Inter para 2019. E todo ano é a mesma coisa: nomes de atletas em final de carreira surgem como "negócio de ocasião", as torcidas ficam animadas por um amor antigo e dirigentes muitas vezes caem nesse canto de sereia.
Só que já estamos na era do Big Data, do Blockchain, das plataformas de scout, das estatísticas e da análise de desempenho. Os clubes possuem profissionais e estrutura disponível para buscar atletas nos cantos mais remotos do mundo. Por que então seguem contratando desse jeito antigo e ineficiente?
A chamada contratação para "lotar aeroporto" não faz o menor sentido se for apenas para isso, encher o saguão do Salgado Filho e gerar manchetes na imprensa. Nomes como Diego Tardelli, Marcelo Moreno, Thiago Neves, Diego Ribas e tantos outros que ainda serão ventilados, podem ser um tremendo erro para os clubes.
Vamos entrar em uma nova era das finanças dos clubes no futebol brasileiro. O contexto avisa que há um momento de adversidade. Enquanto a maioria terá dificuldades para se adequar à mudança no fluxo de caixa da televisão, há um grupo restrito de clubes que estão preparados para esses desafios.
O QUE O MODELO DE JOGO PRECISA?
Junto a Palmeiras e Flamengo está o Grêmio, que teve faturamento de R$ 337 milhões entre janeiro e setembro de 2018, contra R$ 232 milhões arrecadados pelo Inter no mesmo período. A direção gremista elevou consideravelmente todas as receitas se compararmos com 2017, basicamente pelas vendas de Arthur e Jaílson.
Presidente Romildo Bolzan Jr. e a comissão técnica liderada por Renato Portaluppi tem uma oportunidade única nas mãos: contratar jogadores pontuais para as necessidades técnicas e táticas de acordo ao modelo de jogo do time. O que significa isso? Um trabalho de alfaiate.
Precisa de um volante construtor que controle bem a bola e não erre passes para fazer o que Arthur fazia? Precisa de um centro avante que saiba jogar de falso 9 para repetir os movimentos de Luan? Precisa de um zagueiro com excelente tempo de bola e senso de antecipação que seja parecido com Geromel?
Estes jogadores existem e estão ao alcance dos departamentos de análise de desempenho. A partir do momento da detecção desses talentos, com dinheiro na mão, chega a hora da negociação. Sempre com o time no controle, se antecipando e não ficando refém dos empresários de sempre e de interesses que nem sempre são os mais saudáveis para o clube.
SEM DINHEIRO EM CAIXA? DÁ PRA FAZER IGUAL
Já o Inter enfrentará maiores dificuldades financeiras, e precisa ainda resolver o seu contrato com o Esporte Interativo que está sendo contestado pela atual gestão do clube. Mas justamente neste tipo de contexto delicado, é que a tecnologia e as ferramentas atuais são mais importantes.
O que Odair Hellmann quer para o modelo de jogo do time em 2019? Vai manter as transições diretas e rápidas? Ou quer ter mais controle de bola e jogo apoiado? Que peças específicas o elenco precisa para executar essas ideias?
A partir dessas respostas, é buscar atletas com potencial e que possam vir por um valor razoável e que, se possível, gerem um retorno maior ali na frente em uma re venda. Isso é possível e todo clube organizado consegue fazer.
Chega de trazer ex atletas para a dupla Gre-Nal somente para satisfazer parte das torcidas que querem competir entre si com quem tem "o nome mais famoso". Está na hora das gestões de Grêmio e Internacional pisarem com os dois pés no século XXI. Ou serão engolidos por velhas práticas que terminarão afundando seus sonhos de grandeza.