O que você vai fazer neste sábado? Ir à praia e se perder nas areias do nosso litoral? Preparar aquele churrasco com os amigos? Ficar atento aos jogos do Campeonato Gaúcho? Se sim, muito justo. Porém, confesso, vou usar este dia para reverenciar um ídolo e celebrar uma memória. No próximo 20 de janeiro, completam-se 35 anos do falecimento do maior jogador da história do futebol: Manuel Francisco dos Santos. O Mané Garrincha.
"Como você ousa fazer tal afirmação quando sequer tem 30 anos de idade", vociferaria o leitor – com certa razão, admito. Pesquisa e perspectiva, responderia.
Mané estreou pelo Botafogo, clube que jogaria por 12 anos e marcaria para sempre a história do futebol, em julho de 1953. A imprensa identificada com o clube tentou de todas as formas mudar seu apelido: de Garrincha – mesmo nome de um frágil pássaro e de uma socialite da época – por Gualicho – nome do cavalo de corridas vencedor do Grande Prêmio Brasil daquele ano. Sugestão clara: ele era um fenômeno. Tanto por sua velocidade, força e técnica, que o faziam ser inalcançável na ponta direita, quanto por suas inacreditáveis pernas tortas e bacia deslocada. Garrincha era um milagre!
"Isso o fez melhor do que Pelé?" Garrincha ou Pelé é uma questão que se assemelha ao imbróglio: Messi ou Cristiano Ronaldo? Assim como todos que não se rendem ao pragmatismo entediante do número de gols marcados – dado que só fascina os, como diria Nelson Rodrigues, "idiotas da objetividade" – e reconhecem o inegável – que Messi é melhor –, me coloco ao lado da fileira que prefere misticismo a ciência, talento a treino – ainda que, fato, um não sobreviva sem o outro.
O que fez de Garrincha incomparável é a responsabilidade de definir o que é o estereótipo do jogador de futebol. Se futebol é mais que apenas um jogo – como dizem os amantes da modalidade –, o jogador é mais do que um atleta: é um artista, um poeta, um redentor.
Quantos jogadores, com seus dribles e gols, fizeram a vida de incontáveis torcedores de Grêmio, Inter e Seleção Brasileira muito melhor, mais bela e cheia de sentido, ainda que por um ou dois dias?
Lembrar e reverenciar Garrincha, dono da Copa do Mundo de 1962, é recordar e celebrar todos aqueles que fizeram do futebol o que ele é: mágico. Assim como Mané.