
O diretor do escritório do banco Pasche em Mônaco, Jurg Schmid, declarou durante uma reunião interna da instituição em 2013 que além da conta que o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira tem em seu banco, há uma outra no HSBC. A revelação, noticiada pelo Estadão, foi feita através de um áudio desta reunião, em que Schmid explica porque aceitou abrir uma conta para Teixeira mesmo com o risco de reduzir a reputação do nome do banco.
— Tem um outro, o HSBC, que ainda tem uma conta dele (Teixeira) — declarou o diretor Sabemos que ele recebeu dinheiro em troca de favores e etc - explicou.
A gravação foi feita pelo então vice-diretor do banco, Jean-Loius Rouillan, que teria convocado a reunião para conversar com Jurg Schmid sobre o receio da presença de conta suspeitas na instituição. Um mês após a reunião, Rouillan foi demitido, mas guardou os áudios.
O site francês Mediapart foi o primeiro a divulgar as gravações, ainda em 2014. Na matéria, Schmid garante que Ricardo Teixeira se enquadrava no grupo de clientes que "os outros bancos não aceitariam", mencionando a grande quantidade de dinheiro que o ex-cartola depositava no banco.
— Eu sei muito bem que nenhum outro banco em Mônaco lhe quis abrir uma conta — afirmou.
A reportagem do Estadão procurou a defesa do brasileiro, que não se pronunciou a respeito da acusação. Vale lembrar que em dezembro de 2015, o FBI solicitou ao Ministério Público da Suíça que três contas, nos bancos UBS, BSI e Banca del Gottardo, fossem bloqueadas com base em investigações. Duas estavam no nome de Willy Kraus, mas a justiça norte-americana acredita que Ricardo Teixeita era responsável pelas movimentações na conta do doleiro.
A justiça francesa teve acesso a uma conta em nome do ex-presidente da CBF com US$ 22 milhões e suspeita que o valor seria fruto de sua relação com um fundo do Catar e do voto que Teixeira teria dado a favor do país árabe durante a votação de 2010. Este fundo também é reconhecido por ter pagado um amistoso da seleção brasileira e por erguer obras para a Copa de 2022.
Na última sexta-feira, a defesa do ex-cartola declarou, que a conta no banco Pasche havia sido declarada às autoridades fiscais. De acordo com documentos encontrados pelos investigadores e revelados pelo Estado, Teixeira começou a receber um tratamento diferenciado dentro do banco, com um dossiê de viagens tratado até mesmo pelo vice-CEO da instituição.
Os banqueiros de Mônaco se comunicavam com o hotel, organizavam o quarto e faziam mudanças nos planos de viagem do brasileiro, trabalho normalmente realizado por agências de turismo. Em 2012, Teixeira deixou a presidência da CBF durante uma viagem para o principado, entretanto utilizava como sua base um endereço dem Delray Beach, na Flórida.
A apuração dos fatos chegou ao resultado de que o ex-cartola visitava seus banqueiros com frequência, enquanto os brasileiros e a comissão da Fifa acompanhavam os preparativos para a realização do Mundial de 2014, Teixeira fazia viagens organizadas pela instituição financeira a Montecarlo, inclusive em dias de jogos da própria Seleção Brasileira.