
A Polícia Civil arquivou a denúncia de assédio registrada no jogo entre Juventude e América-MG, em 22 de março, pela primeira rodada do Brasileirão Feminino. O caso ocorreu no Estádio Montanha dos Vinhedos, em Bento Gonçalves.
Quatro jogadoras fizeram boletim de ocorrência na 8ª Delegacia de Polícia Regional da cidade serrana denunciando falas vindas de um dos integrantes da arbitragem que se enquadrariam como assédio sexual.
Conforme apurado por Zero Hora, o profissional teria dito que iria "pegar o WhatsApp de algumas jogadoras, porque elas estavam lisinhas", referindo-se ao fato de as atletas estarem depiladas.
Outro fato teria ocorrido no segundo tempo, quando uma atleta do Juventude passou mal e vomitou. Uma adversária reclamou com a arbitragem que isso sempre acontecia com aquela jogadora, e o mesmo profissional de arbitragem teria afirmado que a atleta sempre vomitava porque "estava grávida desde o ano passado".
A Polícia Civil, por meio do delegado Clóvis Rodrigues de Souza, explicou que testemunhas foram ouvidas, e que a decisão foi pelo não indiciamento do suspeito.
— Foram juntados vários documentos, como a súmula do jogo. Foram ouvidas as jogadoras do América e todo o quadro de arbitragem. Também foram juntados áudios demonstrando a forma como a equipe de arbitragem se comunica durante os jogos, a própria árbitra do jogo não identificou nenhum comportamento ofensivo por parte do bandeirinha. Então, nessa linha foi afastada a possibilidade de indiciamento por prática de crime de importunação sexual pela ausência de ato libidinoso — afirmou o delegado.
O policial completou:
— Igualmente, não houve prática do delito de assédio sexual. Os diálogos mantidos entre os árbitros abrangeriam temas de interesse do jogo, nada se referindo às atletas. Elas podem ter ouvido apenas expressões ou palavras de forma isolada, gerando uma interpretação diversa.
De acordo com a Polícia Civil, o depoimento da árbitra carioca Jenifer Alves de Freitas também foi importante para a decisão de arquivamento.
— Foi preponderante o depoimento da própria árbitra, que diz que não identificou nenhum comportamento ofensivo por parte do bandeirinha — finalizou.
Ainda que o inquérito tenha sido arquivado, a Polícia Civil ainda poderá ser acionada se houver requisições do Poder Judiciário ou do Ministério Público.
Manifestações de América-MG e CBF
A reportagem de Zero Hora contatou o América-MG a respeito de novas medidas que podem ser tomadas, mas ainda não obteve retorno.
A CBF também foi consultada e não respondeu até a publicação dessa reportagem. Inicialmente, a entidade máxima do futebol manifestou-se por meio de nota oficial e informou o afastamento do assistente da Federação Gaúcha de Futebol até o final da apuração da denúncia de assédio.