Não há melhor momento do que este para pressionar a Conmebol em busca de melhores cotas e organização para a Libertadores. Com seu presidente preso e quase todas as lideranças tendo que explicar envolvimento em escândalos por corrupção, a entidade está fragilizada e deve aos clubes uma resposta sobre seus atos ao longo dos anos.
Quanto dinheiro que poderia ter irrigado os cofres dos participantes, a título de cotas e premiação, foi desviado para contas dos dirigentes? Sonhar com prêmios semelhantes aos pagos pela Liga dos Campeões seria pedir demais, mas a diferença poderia ser diminuída não fossem os desvios.
Quantas armadilhas foram armadas nos gabinetes para favorecer A ou B? Não se pode esquecer das escutas telefônicas em que o árbitro paraguaio Carlos Amarela confessava ter prejudicado o Corinthians nas oitavas de final da edição de 2013.
Em nome do crescimento do futebol sul-americano, é dever dos clubes cobrar correção da Conmebol. Não acredito que o Corinthians cumpra a ameaça de deixar a disputa. Mas sua atitude certamente coloca contra a parede o comando da Sul-Americana.
Hora de cobrar
Só o fortalecimento dos clubes sul-americanos irá diminuir o abismo que cada final de Mundial Interclubes escancara. Nossa diferença não é de qualidade, e, sim, de organização. Não fosse assim, o chileno Bravo, os brasileiros Daniel Alves e Neymar, os argentinos Mascherano e Messi e o uruguaio Messsi não seriam estrelas do Barcelona, que ontem se impôs com facilidade ao River Plate.
Nossa matéria-prima ainda é boa. O problema é a precariedade dos clubes, que os obriga a muito cedo vender seus melhores nomes. Parte dos nossos problemas tem origem nos dirigentes da Conmebol, muito mais interessados no proveito próprio do que na organização do futebol. O começo da virada pode ser agora.
O papel dos clubes
Também é frustrante ver dirigentes hesitantes em apoiar a Primeira Liga. Sob a alegação de que o faturamento será pequeno, perdem a chance de trabalhar em conjunto e ganhar corpo para um confronto com a CBF.
Fica como exemplo positivo deste final do ano o recente protesto que ex-jogadores e treinadores fizeram na frente do prédio da entidade, pedindo maior transparência na eleição do presidente. É nessa onda que devem surfar os clubes. Ligas são um forte instrumento de pressão.
*ZHESPORTES