Serão meses de treinamento e muita expectativa. Desde que teve confirmada sua convocação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o gaúcho Roberto Schmits, 46 anos, intensificou a preparação para o grande sonho da carreira. Na semana passada, ele esteve em Caxias do Sul, no Clube de Caça e Tiro, em mais um período de aprimoramento, e conversou com o Pioneiro sobre a sua história no esporte.
Natural de Novo Hamburgo, Schmitão, como é mais conhecido, mora desde 1999 em Canela, na Serra Gaúcha. O início na modalidade foi motivado pelo pai, João Wilson Schmits, que já praticava o tiro esportivo.
- Na época, era liberada a caça no Estado e eu acompanhava o pai nas caçadas e pescarias. Até que me despertou o interesse pela arma esportiva. Um dia, no clube, dei meu primeiro tiro. Com oito anos, participei da primeira prova e tenho o troféu guardado até hoje. Em outubro de 1977, fiquei em quinto lugar na categoria B - relembra.
Após ganhar o campeonato sul-brasileiro com 14 anos, deixou o esporte para servir ao exército. No mesmo período, começou a andar de moto, para desgosto do pai. Foi preciso uma fatalidade para que o destino voltasse a apontar outra direção.
- Meu pai enlouqueceu. Sofri um acidente feio, quebrei a perna, os dois braços, maxilar, tenho placa na cabeça e na perna, uma perna atrofiada. Tinha quase 19. Dei um tempo e resolvi voltar ao tiro com 27, em todas modalidades. Em 1999, comecei a praticar apenas a fossa olímpica. E, desde 2005, faço parte da seleção brasileira - diz Schmitão.
A escolha se mostrou acertada com o tempo. Ele foi medalhista de bronze no Pan-Americano de Guadalajara, em 2011 e se consolidou como um dos melhores do país. No ano seguinte, chegou ao sétimo lugar no ranking mundial. Mesmo com as dificuldades comuns de todo esporte, especialmente pela falta de patrocínios, ele se diz um apaixonado por tudo o que cerca o tiro esportivo.
- Pode ter alguém que goste igual, mas não que goste mais. Hoje meu trabalho é todo voltado ao tiro. Sou representante de material esportivo, guia de caça e pesca na Argentina e dou clínicas de tiro, ensino as pessoas a atirarem. Busco passar tudo o que aprendi aqui e no Exterior. É um esporte saudável. O principal ponto é a concentração, mais de 50%. Espero fazer uma grande Olimpíada e trazer uma medalha para o Brasil - afirma.
Schmitão está no seu oitavo passaporte e fala com orgulho que conheceu 46 países competindo no esporte. O gaúcho não vai medir esforços para chegar muito bem preparado para os Jogos Olímpicos. Antes de estar em Caxias do Sul, ficou uma semana em Cuiabá. A rotina de tiros serve para ajustar todos os detalhes antes do principal desafio da carreira.
- São clubes que tem a mesma máquina que será colocada no Rio de Janeiro. Em outubro e novembro, dei cerca de 7 mil tiros nos treinamentos. Até agosto do ano que vem, meu objetivo é chegar a 50 mil. Sou adepto ao que dizia o Tiger Woods, que quanto mais treinava, mas sorte tinha - destaca Schmitão.
As provas do tiro esportivo estão previstas para 8 e 9 de agosto de 2016. Além do trabalho físico e do aprimoramento técnico, o atirador gaúcho sabe que depende muito da concentração e do foco na prova. Como exemplo, relembra a conquista da medalha de 2011, no Pan.
- Eu entrei tão forte, com tanta vontade de ganhar a medalha que, após 25 minutos, minha barba cresceu e eu estava com os olhos muito vermelhos. Meu treinador disse que era sangue nos olhos. O inimigo é só o prato, não o adversário que está ao lado. Eu preciso me superar. É esse desafio constante. Em dois dias de prova, é estar sempre ligado ao máximo - pondera.
Sonhos Olímpicos
Com presença garantida no Rio, atirador Roberto Schmits intensifica treinamento
Gaúcho de 46 anos, que reside em Canela, fará sua estreia nos Jogos Olímpicos
Maurício Reolon
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