Antes de Rogério Ceni, o São Paulo foi campeão com Zetti. Aliás, bicampeão mundial. Com o time de Telê Santana. Uma vez contra o Barcelona, em 1992, outra contra o Milan, em 1993. Caso você não lembre, Zetti que esteve nessa segunda-feira em Porto Alegre ministrando um curso para goleiros, também foi tetracampeão mundial com a Seleção Brasileira. Era o reserva de Taffarel.
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Hoje, o ex-goleiro de 50 anos de idade, dirige uma escolinha para goleiros, em São Paulo, a Fechando o Gol, e corre o Brasil com palestras. Em Porto Alegre, ele apresentou o workshop A Melhor Defesa. Em uma espécie de talk show, no palco do teatro do Ciee, o ex-goleiro convidou atuais camisas 1 para um bate-papo com os goleiros Bruno Grassi (Grêmio) e Paulo Victor (Flamengo), além dos preparadores Daniel Pavan (Inter) e Vagner Martins (Flamengo), em parceria com a empresa de material esportivo Poker.
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Aos 83 anos, o gaúcho Valdir de Morais, considerado o primeiro preparador de goleiros do país, e ex-goleiro do Renner, do Cruzeiro-RS e do Palmeiras, foi o decano da turma no evento. Aos 83 anos, ele foi apresentado como o herói de Zetti e o seu primeiro treinador, ainda no Palmeiras. Mais tarde, foram campeões com o São Paulo. Na plateia, goleiros amadores das mais variadas idades, além de futuros goleiros profissionais.
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Dono de 1m85cm de altura - baixo para os padrões atuais, de goleiros com mais de 1m90cm no Brasileirão -, Zetti passou algumas dicas para os amadores e para os futuros profissionais sob as traves.
- Goleiro precisa de impulsão, de velocidade, de segurança e de rápida reação de movimentos. Goleiro não pensa, reage. Tenho um aluno de 63 anos e outro de 73 anos. E eles seguem se aperfeiçoando - comentou Zetti.
- Então vou me inscrever na sua academia - retrucou Valdir, arrancando risos da plateia.
Para o ex-treinador de goleiros, os atuais jogadores da função precisam saber atuar com os pés, saber chutar e até concluir a gol. Recordou o início de Ceni no São Paulo, quando passou a treinar o goleiro-goleador, em sua ascensão aos profissionais.
- O goleiro tem que saber chutar, em que saber bater bem na bola. Um bom chute de goleiro já é meio caminho para começar um contra-ataque. O Rogério Ceni não sabia bater nem tiro de meta no começo dele no São Paulo. Passei a trabalhar com ele. Ele queria aprender e aprendeu. Faltava era pegar o jeito - contou Valdir de Morais.
Entre algumas receitas para jogar no gol, uma dica de Zetti que talvez não tenha agradado a todos os goleiros presentes: levar gols.
- Quanto mais gol o goleiro tomar, melhor. Porque ele aprende. O que não pode é tomar o mesmo tipo de gol sempre. Tomou um gol? No dia seguinte, corrige - disse.
Segundo Zetti, a comissão técnica da Seleção Brasileira pensa unificar em breve a metodologia de treinos para os goleiros chamados em futuras convocações, uma vez que há uma diferença de treinamento entre os que atuam no Brasil (como Alisson, Marcelo Grohe e Jefferson) e os que jogam no Exterior e que voltarão a ser convocados. Entre os causos que contou, Zetti lembrou o fim da carreira, aos 36 anos, no Sport, e as tentativas de se tornar treinador. Uma delas, no Juventude.
- Fui vice-campeão gaúcho em 2008. Ganhei o primeiro jogo do Inter, por 1 a 0, e pensei: "Beleza. Ganhei do time do Fernandão e companhia". No Beira-Rio, porém, levei 8 a 1. Até o Clemer fez gol. Faltando 10 minutos para acabar, o Abel Braga ainda cruzou o campo para me cumprimentar - contou Zetti, arrancando gargalhadas dos presentes.
O goleiro bicampeão mundial com o São Paulo elogiou Alisson e Marcelo Grohe. Entende que os dois estão na melhor fase da carreira e que deverão seguir sendo chamados por Dunga.
- Fiquei muito feliz por entregar o troféu de melhor goleiro do Campeonato Brasileiro do ano passado para o Marcelo. E o Inter cresceu muito com o Alisson. Ele passa muita segurança na área. São dois grandes goleiros. O mais importante para o goleiro é transmitir a confiança ao resto do time. E os dois passam essa segurança a Grêmio e Inter - comentou Zetti.
O ex-goleiro da Seleção Brasileira acredita que mesmo marcado pelos 7 a 1 da Alemanha, Julio Cesar possa voltar a ser chamado para a Seleção:
- É claro que aquela goleada prejudicou o Julio (Cesar). Todos sempre vão querer saber quem era o goleiro dos 7 a 1, mas ele vive novamente uma grande fase e ainda tem espaço na Seleção Brasileira.
* ZHESPORTES
Encontro
Goleiros se reúnem em Porto Alegre para debater a função do camisa 1
Evento contou com a presença de Bruno Grassi, do Grêmio, Paulo Victor, do Flamengo, e os preparadores Daniel Pavan, do Inter, e Vagner Martins, do Flamengo
Leandro Behs
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