Os momentos de glória do Parma ficaram no passado. A grave crise que atinge a equipe italiana pode forçar a segunda falência no período de apenas 11 anos. Sem dinheiro para bancar custos de segurança em jogos em casa e viagens para jogar fora, o time não participou de duas das últimas rodadas do Campeonato Italiano - e pode até mesmo abandonar a competição.
A questão financeira é tão crítica que o clube não tem condições de bancar os itens mais básicos. A lavanderia está fechada, o centro de treinamento não tem papel higiênico ou água quente, equipamentos como computadores foram confiscados pela Polícia Federal e, se quisessem atuar, os jogadores teriam que bancar os custos dos deslocamentos.
- A decisão de não jogar foi tomada mediante a essa total falta de interesse das instituições de futebol. Nossa batalha não é só pelo Parma, mas estamos lutando pelo futebol, para garantir que isso nunca aconteça de novo - explicou o capitão da equipe, Alessandro Lucarelli.
Por isso, enquanto o time deveria entrar em campo para jogar, preferiu fazer um treino aberto com a presença dos torcedores neste domingo - que, ao mesmo tempo, apoiaram o elenco e criticaram duramente a direção. Em protesto, todos os jogos da rodada foram adiados em 15 minutos pelos jogadores.
- Eu agradeço todos os jogadores que decidiram fazer esse protesto. Os atletas são os únicos que se solidarizaram conosco, mas muito pouco veio de fora dos campos. Falamos com a Associação de Treinadores, mas dificilmente alguém mais nos ouve - disse o técnico Roberto Donadoni.
A primeira declaração de falência do Parma ocorreu em 2004. À época, o clube era bancado pela Parmalat e decaiu junto com a empresa. Por isso, o antigo Parma Associazione Calcio foi refundado sob o nome de Parma Football Club. Apesar da crise, o time seguiu na primeira divisão. Atualmente, as dívidas chegam a 96 milhões (cerca de R$ 300 milhões). Como os salários e outros gastos não são pagos, o valor só aumenta.
Giampietro Manenti comprou o clube de Rezart Taçi pelo valor simbólico de 1 euro (R$ 3,20) com a promessa de salvá-lo - mas, duas semanas depois, nada foi pago e a crença diminui. Taçi já havia feito o mesmo processo de compra em dezembro de 2014 junto a Tommaso Ghirardi, antigo dono e visto como um dos principais culpados pela derrocada.
Na última temporada, o Parma ficou em sexto lugar no Italiano e se classificou para a Liga Europa. Contudo, a falta de pagamento de impostos forçou a Uefa a impedir o clube de disputar o campeonato continental.
O Parma já declarou estado de insolvência, ou seja, incapacidade de pagar as dívidas - processo que pode culminar em nova falência. O pedido será avaliado pelo Tribunal de Parma em 19 de março. A menos que Giampietro Manenti salve o Parma até esta data, o clube tem duas opções para o seu futuro próximo: a insolvência com garantia do título esportivo, que permitiria à equipe disputar a segunda divisão da próxima temporada - processo semelhante ao de 2004 -, ou a falência total. Neste caso, um novo clube da cidade de Parma teria de ser fundado e começar a disputar as últimas divisões italianas.
O Parma já foi rebaixado pela federação italiana por conta das dívidas, mas os dirigentes locais tentam impedir a desistência da participação até o fim da temporada para evitar um desequilíbrio técnico no campeonato - porque todos os próximos adversários somariam os pontos automaticamente. O time é o lanterna do campeonato, com 10 pontos em 23 jogos.
*ZHESPORTES