
Se o jogo deste sábado (8) fosse no Beira-Rio, o alto-falante do estádio faria uma pausa logo após anunciar Vitinho, como em uma espécie de preparação para a torcida. O locutor diria, solene: "Senhoras e senhores, com número 10, Alan Patrick". E o estádio basicamente chacoalharia com o entusiasmo da torcida. A volta do capitão é, também, a devolução de esperança ao Inter de reconquistar o Gauchão após oito anos. E o Gre-Nal é um dos jogos que consagraram o meia.
A foto no treino de quinta-feira (6) e os passos entre o ônibus e o hotel que serve de concentração para o time animaram a torcida. É o contraste perfeito com a preocupação que afligiu a todos que viram o camisa 10 caído no gramado do 19 de Outubro, em Ijuí, logo após torcer o tornozelo ao dar um passe e acertar a perna de um adversário. Já se vai um mês desde aquela cena. Talvez sinta falta de ritmo de jogo. Mas o clássico é um jogo que Alanpa sabe viver.
O crescimento dele em Gre-Nais não começou nesses últimos anos de hegemonia colorada em clássicos. Faz mais de uma década que aparece nas horas grandes. Ele ainda usava a camisa 19 em 2014 quando entrou no intervalo do primeiro tempo da partida de ida da final do Gauchão, na Arena (quanta coincidência). O Inter perdia por 1 a 0, gol de Barcos. Substituindo Jorge Henrique, ele se somou a Alex, Aránguiz e D'Alessandro. Juntos, municiaram Rafael Moura, autor dos dois gols da virada. Foi a primeira vitória em Gre-Nal na então novíssima casa gremista. Zero Hora resumiu sua atuação: "Deu nova dinâmica ao ataque do Inter". Abel Braga sentiu que mudaria a equipe dali por diante:
— Vou dar chance ao Alan Patrick. Inclusive porque, ao lado dele, Alex rendeu mais.
No jogo da volta, duas semanas depois, no Estádio Centenário, marcou pela primeira vez contra o Grêmio. De pênalti, deslocou Marcelo Grohe. Foi o terceiro dos 4 a 1 aplicados no Gre-Nal que deu o Tetra da sequência de seis títulos que o Inter acumularia.
Passaram-se os anos, o meia rodou o Brasil e o mundo até se reencontrar no Inter. E se ainda não foi campeão nessa nova passagem, entendeu como ninguém que o Gre-Nal vale quase tanto quanto o Gauchão.
São 11 clássicos, seis vitórias, dois empates e três derrotas. O salto das estatísticas veio recentemente. Do segundo turno do Brasileirão de 2023 até o duelo da primeira fase do Gauchão, ganhou quatro vezes e empatou uma. Fez dois gols e deu duas assistências (sem contar jogadas que terminaram com bola na rede, como no Gre-Nal em Curitiba). No total são quatro gols e três assistências.
— Alan Patrick faz a diferença. Ele dita o ritmo da equipe. Sem dúvida, é um reforço importante para a final. É um dos grandes jogadores da atualidade não só do futebol gaúcho, mas do Brasil inteiro — resume outro craque que decidiu Gre-Nal, Daniel Carvalho.
Mesmo ausente há tanto tempo, não há colorado que não esboce um sorriso ou se anime com a volta do camisa 10. Até mesmo se for anunciado sem nenhum entusiasmo pelos alto-falantes da Arena. Como manda a rivalidade, aliás.
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