Depois do encerramento das atividades em campo nesta segunda (27), o diretor esportivo do Inter Magrão detalhou perspectivas do clube ao retomar os jogos. Ele admitiu as dificuldades provocadas pelo período de enchentes nos aspectos físico, técnico e psicológico. Mas admitiu que a volta das partidas pode ajudar a amenizar o clima no Rio Grande do Sul.
Há 17 anos no Estado, o ídolo colorado, que completa um ano na diretoria na sexta (31), declara-se “muito mais gaúcho que paulista”. Para ele, que ajudou em resgates em Porto Alegre e na Região Metropolitana, o retorno das disputas será complicada pela pausa.
— É difícil. Virar a chave é complicado. Ao mesmo tempo, a gente precisa e tem que trabalhar também mesmo sabendo das dificuldades. Sempre falo para todos aqui sobre a nossa retomada, dos nossos jogos, pode ser alento para o torcedor colorado, para o povo gaúcho, que talvez não tenha nenhum motivo para sorrir — admitiu, em entrevista em Itu.
— Talvez eu seja mais gaúcho do que paulista hoje. Muito mais. Entrarmos em campo amanhã (terça), com todas as dificuldades que vamos ter, é mais um alento para entregar um pouco de alegria. O futebol sempre foi um vetor de alegria, trazer conforto para as pessoas, esperamos que a equipe do Inter possa ser isso — complementou.
A tragédia afetou o planejamento do clube para a temporada. O Departamento de Futebol buscou peças para tentar quebrar a seca de títulos neste ano com atenção especial para o Brasileirão. Agora, o foco será duelo a duelo pela adversidade de atuar como mandante longe do Beira-Rio e treinar fora do Rio Grande do Sul nas próximas semanas.
O dirigente, que sempre foi muito sincero nas declarações, compreende que num primeiro instante a cobrança será amenizada pelo contexto da tragédia que afetou pessoas e a instituição. Contudo, ele admite que projeta que as críticas serão retomadas mais adiante, mesmo com o cenário atual.
— Acho que a cobrança, lá no final, sempre é igual. Isso eu vou amplificar pelo o que estamos vivendo hoje lá. Todos se mobilizando, está sendo lindo o Brasil se mobilizar, mas daqui um mês, vamos precisar dessa mobilização de novo. Eu falo isso no futebol também. Esquecemos as coisas rápido. O nosso povo precisa não só desse apoio, mas vai passar isso aí e vai ter uma reconstrução. E no futebol é a mesma coisa. Vai passar esse momento e depois vão vir as cobranças. Vai acontecer sim. Estamos sempre trabalhando em alta performance — avaliou.
— Eu tinha convicção que tínhamos condições de brigar pelo título. Agora eu não sei. Por isso vamos jogo a jogo, passo a passo, não tenho essa certeza que a gente vai ser postulante ao título pro tudo que aconteceu. Temos 32 jogadores, cada um com um pensamento diferente, com uma vivência diferente — finalizou.
O Inter encara o Belgrano nesta terça-feira (28), às 21h30min, pela sexta rodada da fase de grupos da Sul-Americana. A partida será na Arena Barueri, em São Paulo.