Três anos se passaram desde o primeiro título nacional das Gurias Coloradas. Durante este período, muitas atletas passaram pelo clube, jogos foram realizados e outras taças conquistadas. Mas uma guria segue no elenco e, agora, busca mais um troféu com a camisa do Inter: a goleira May.
Natural de Curitiba, ela chegou a Porto Alegre em 2018 e já iniciou sua passagem pelo clube colorado com o título do Brasileirão sub-18, no ano seguinte. À época, sofreu apenas 10 gols nos 13 jogos que levaram a equipe à glória. Três temporadas depois, quer repetir o feito no time profissional.
— Ter a chance de conquistar mais um título com o profissional, o primeiro título nacional, é muito importante para ver que, como atleta, a minha carreira está crescendo, estou criando espaço no âmbito profissional e isso, para uma atleta que veio da base, é muito bom. E principalmente por ter ganhado na base, continuado no Inter e poder estar fazendo história com o profissional. É um clube gigante, me apaixonei quando cheguei aqui, então, não tenho palavras que descrevam como vai ser ter um título nacional com o Inter — afirma a goleira em entrevista a GZH.
Há, também, uma semelhança entre as duas temporadas. Em 2019, as Gurias Coloradas garantiram o troféu depois de May defender penalidade máxima da zagueira Lauren na grande final contra o São Paulo. Enquanto, em 2022, ela parou Mica, também em pênalti, para que o clube pudesse avançar à final. É nítido que essa é uma especialidade da defensora. No entanto, mesmo preparando-se, a ideia é que a disputa com o Corinthians se encerre nos 90 minutos neste sábado, às 14h, na Arena Itaquera.
— Treinamos, mas em nenhum momento demos foco aos pênaltis, porque não vamos para lá com a ideia de resolver nos pênaltis. Queremos resolver nos 90 minutos. Não esperamos que precise dos pênaltis. Mas, se precisar, nos preparamos assim como antes. Garanto que o meu jeito de pensar em relação a pênaltis não mudou. Só treinei um pouco mais nesta semana. E se vier a acontecer, estamos preparados — enfatizou.
Com 21 anos, May afirmou-se entre as titulares nesta temporada. Após a saída de Vivi para o Santos, o Inter confiou na prata da casa e deu-lhe as primeiras oportunidades. Ela abraçou, correspondeu às expectativas e tornou-se um dos destaques da campanha colorada.
— Para mim, vem sendo muito bom. Tive a chance neste ano de assumir a titularidade, depois de três anos trabalhando com o profissional. Então, fiquei muito feliz de poder dar sequência na minha carreira, de ter agarrado essa chance no profissional e de saber que o trabalho que vem sendo feito está dando resultados. Isso coloca o mérito em todo o trabalho que é feito no Inter, desde as categorias de base até o profissional. Então, fico muito feliz com isso, de saber que estou dando sequência na minha carreira profissional da melhor maneira, com esse clube gigante. Para mim, é um sentimento inexplicável.
A visibilidade necessária (e merecida)
Pela primeira vez, May atuou diante de mais de 36 mil pessoas. No Beira-Rio, a torcida colorada se fez presente e mostrou que está jogando junto com as Gurias. No sábado, os corintianos devem repetir a festa em Itaquera. E o desejo é que isso torne-se recorrente nas partidas de futebol feminino.
— Agora, o futebol feminino está tendo essa visibilidade, vem crescendo cada vez mais, e ter mais de 36 mil pessoas no Beira-Rio foi maravilhoso. A torcida jogou junto conosco. E, para nós, ainda é um fator novo. Não estamos acostumadas a ter todo esse apoio, mas eu espero que daqui a algum tempo isso se normalize e partidas com o público que tivemos se tornem rotineiras no futebol feminino. Mas, enquanto não se torna, fiquei muito feliz com o apoio da torcida, de ver que as pessoas estão indo apoiar o futebol feminino e de ver que isso está crescendo cada vez mais, porque faz a diferença dentro de campo para nós — valoriza.
Para corresponder às expectativas do torcedor e entregar a ele o título, as Gurias Coloradas terão de derrotar o Corinthians no sábado, fora de casa. A tarefa não é simples, mas durante a temporada já mostraram que crescem em partidas difíceis (venceram Palmeiras, São Paulo, Flamengo e Santos, por exemplo). Restam 90 minutos.
— Acho que para uma final de campeonato, você não pode esperar nada menos do que um espetáculo, porque são os dois melhores times que chegaram. Então, sabemos da capacidade da equipe do Corinthians, sabemos que é um jogo difícil, assim como foi o primeiro. É uma partida equilibrada. Então, trabalhamos em cima disso, mas pensando muito mais na gente do que nelas. Trabalhamos o que precisávamos melhorar, estar com a cabeça no lugar, com objetivo e com foco no que tem de fazer. Acredito que vai ser um grande jogo, digno de uma final de Campeonato Brasileiro.