"Quem será a goleira do Inter na próxima temporada?" Se tem uma pergunta que a imprensa ouviu no final de 2021, após Vivi anunciar que estava de saída, foi essa. E que pressão: assumir a posição de uma atleta que acabara de garantir o título estadual para o Inter após duas defesas de pênalti. Mas May mostrou que estava pronta para tamanha responsabilidade. Com 20 anos, assumiu a titularidade de forma incontestável do gol colorado.
O Inter confiou nela. Apostou nas pratas da casa. E acertou. May vem se destacado tanto, que chamou a atenção até de Pia Sundhage. Em março deste ano, foi convocada para representar a Seleção Brasileira — sua primeira convocação no profissional.
— Então, na verdade foi uma surpresa para mim. Eu não estava esperando mesmo. Assumi a titularidade neste ano. Então, meus planos ainda não incluíam a convocação. Incluíam, apenas, conseguir pegar ritmo de jogo e experiência, porque eu já estava envolvida no âmbito profissional, mas não diretamente. Eu fiquei muito feliz — enfatiza May em entrevista a GZH.
E a convocação foi tão inesperada que ela nem estava acompanhando a divulgação da lista. Foi através das colegas de time que descobriu que havia sido chamada para representar a Seleção Brasileira nos amistosos contra Espanha e Hungria.
— Foi muito engraçado. Eu tinha acabado de chegar em casa, estava na correria. Tinha dois períodos de treino naquele dia. Então, eu estava almoçando, e começou um monte de mensagem no meu celular. E elas (Gabi e May) me ligando, Vivi me ligando, um monte de gente me ligando. Eu falei "o que tá acontecendo?". Eu recusando todo mundo. E aí, a Sorriso me mandou "parabéns pela convocação". Aí eu "que convocação?". Quando abri o Instagram, vi minha foto lá, meu nome, fiquei uns três minutos em choque. Foi uma emoção muito grande, e vai ficar marcado para sempre na minha vida — fala a goleira.
No Inter, May chegou em 2019. Mais uma das várias meninas descobertas e trazidas ao clube porto-alegrense por Duda Luizelli. À época, a atleta integrava a Seleção Feminina de base e foi ali que a, à época dirigente colorada, conheceu-a.
— Comecei a jogar campo quando tive a primeira convocação da (Seleção) sub-17 e foi assim que a Duda (Luizelli) me trouxe. Ela me viu na Seleção, tinha as meninas que jogavam no Inter e estavam lá, a Julia (Daltoé), a Isadora (Haas), que são minhas amigas hoje. E aí a Duda me ligou, me chamou para vir para cá e foi o meu primeiro contato também com o campo. E, em 2019, eu vim para o Inter — relembra May.
Pela base do Inter, foi campeã do Brasileirão Feminino sub-18 em 2019. Aliás, único título do clube na categoria. No mesmo ano, ainda conquistou o título gaúcho sub-18 — este, sem sofrer gols. E, neste ano, não está sendo diferente. Com a camisa 12, uma campanha de excelência. Em seis jogos neste Brasileirão, apenas quatro gols sofridos. Ah, isso também confere ao Inter a melhor defesa da competição nacional.
Foi muito bom esse tempo em que eu fiquei como segunda, terceira goleira, porque eu trabalhei com goleiras experientes
MAY
sobre ter trabalhado junto com Yasmim, Kemelli e Vivi nas últimas temporadas
— Acho que uma coisa importante é essa aproximação que a gente tem da base com o profissional. Quando eu cheguei aqui em 2019, vim para jogar o campeonato da base. Só que já, desde aquela temporada, eu dobrava. Então, treinava com a base e com o profissional. É importante isso, porque você vai pegando experiência — fala May, que complementa relatando a troca de experiências com outras goleiras do Inter:
— Para mim foi muito bom esse tempo em que eu fiquei como segunda, terceira goleira, porque eu trabalhei com goleiras experientes. Em 2020 teve a Yasmim, teve a Kemelli aqui. Em 2021, para mim, foi muito bom porque a Vivi veio e é uma goleira muito experiente, aprendi muito com ela. Então, quando eu tive de assumir, agora, não foi tão pesado. Para mim, foi muito tranquilo, na verdade, porque eu já estava acostumada com isso.
Para o futuro, o sonho de uma sequência entre as selecionáveis. E para isso, claro, manter a regularidade com a camisa colorada.
— Seleção é uma coisa que acredito que todas nós sempre vamos almejar. Mas em questão de clube, eu acho que eu foco muito no agora. Eu preciso estar bem agora porque se eu estiver bem agora, as oportunidades vão surgir. Então, se eu fizer um bom campeonato pelo Inter, pessoas vão me ver, clubes vão me ver, e aí eu posso sentar e ver o que é melhor para a minha carreira. Mas eu não fico almejando, por exemplo: "quero jogar em tal lugar", exceto na Seleção, que todo mundo quer.