"Eu digo a você: me chateia assistir à final na televisão, e temos de jogar esta final". Esta frase foi enviada por Alexander Medina aos jogadores do Talleres pouco antes da semifinal da Copa Argentina, contra o Godoy Cruz. Com uma vitória por 1 a 0, o time de Córdoba passou à decisão que acabaria perdendo para o poderoso Boca Juniors, nos pênaltis.
E esse recente trabalho tem despertado atenção de clubes do mercado sul-americano, entre eles Inter e San Lorenzo — além da seleção uruguaia, que o colocou em uma lista tríplice, ao lado de Diego Aguirre, que deixou o Inter, e Diego Alonso, que foi o escolhido para substituir o lendário Óscar Tabárez no comando da Celeste Olímpica.
Nascido na cidade uruguaia de Salto, a mesma de onde também são Edinson Cavani e Luis Suárez, Medina começou a carreira no Huracán Buceo e chegou ao Liverpool-URU, time pelo qual se tornou artilheiro do Campeonato Uruguaio de 2003. Os 10 gols lhe valeram um contrato com o gigante Nacional-URU, onde se tornaria ídolo, goleador e campeão em 2005. Ao comemorar seus gols com "flechaços", ganhou o apelido que o acompanha até hoje: "El Cacique".
Após passar pelo Cádiz e Racing Ferrol, da Espanha, voltou ao Nacional em 2008. Rodou por Arsenal-ARG, Unión Espanõla e River Plate-URU, antes de regressar ao Nacional, onde foi dirigido por Marcelo Gallardo, e encerrar a carreira de jogador no Fénix.
Com as chuteiras penduradas, Medina assumiu o comando da equipe de terceira divisão do Nacional, uma espécie de time B, com o qual conquistou o título uruguaio da categoria. Ali, começou a moldar sua comissão técnica, tendo o ex-companheiro de clube Fernando Machado como auxiliar.
No final de 2017, foi nomeado técnico do time principal após a saída de Martín Lasarte. A partir deste momento, ganhou um novo auxiliar — o gaúcho de Santana do Livramento Jadson Vieira, um ex-zagueiro que fez carreira no futebol sul-americano. Juntos, eles venceram os Torneios Apertura e Intermedio de 2018.
O trio se transferiu para o Talleres em junho de 2019. No clube, a comissão técnica passou a ter um novo componente: Mariano Levisman, técnico das divisões inferiores do clube de Córdoba, que passou a ser o analista de desempenho.
O trabalho em "La T" passou a chamar atenção de clubes argentinos e do Brasil. Até hoje, são 85 jogos, com 37 vitórias, 26 empates e 22 derrotas — aproveitamento de 53,7%. Neste período, o time dirigido por Medina marcou 119 gols e sofreu 94, garantindo na temporada recém-encerrada uma vaga na fase de grupos da Libertadores de 2022.
Estilo de comando
Em muitos momentos, Cacique Medina foi comparado a Marcelo Gallardo, seu ex-treinador, colega de time e amigo pessoal.
— Não me incomoda que me comparem com Gallardo. Estamos falando do melhor ou de um dos melhores técnicos da América do Sul e que está entre os principais do mundo. Então, que comparem o estilo de jogo do Talleres com o River não me incomoda nada, porém prefiro seguir meu caminho. Quero marcar o meu próprio estilo — disse o uruguaio de 43 anos, antes da decisão da Copa Argentina contra o Boca.
Alexander Medina gosta de moldar os jogadores das categorias de base ao seu estilo de jogo. Para ele, o jogo tem de ser intenso e se treinar como joga. Seus treinamentos são considerados fortes, e ele gosta de se basear em análises de desempenho. Pela forma intensa como gosta de trabalhar, o treinador exige muito no aspecto físico — e nesta área trabalham Alexis Olariaga e Richard González, este último também uruguaio, para finalizar a comissão.