Novo técnico do Inter, Alexander Medina iniciará no Beira-Rio o seu terceiro trabalho na casamata após bons resultados com Nacional-URU e Talleres-ARG. O uruguaio de 43 anos, porém, tem uma larga trajetória no futebol, fruto da carreira de jogador que encerrou em 2015, aos 37 anos, após ter atuado em dez clubes além de ter defendido a seleção uruguaia.
Natural de Salto, a mesma cidade onde nasceram Luis Suárez e Edinson Cavani, Medina iniciou a carreira de atacante no pequeno Deportivo Huracán Buceo, mas ganhou projeção no Liverpool-URU, onde recebeu o apelido de Cacique por comemorar seus gols simulando disparar um arco e flecha. Jogador de bom porte físico, foi artilheiro do Campeonato Uruguaio em duas oportunidades e conquistou três vezes o título da competição, um para cada passagem pelo Nacional. Ele também atuou na Espanha, onde defendeu Racing de Ferrol e Cádiz, entre 2005 e 2008.
— Não fui um jogador com grandes virtudes técnicas. Era bastante limitado, mas, mesmo com essas limitações, conseguiu bastante coisas pelo meu trabalho, pela dedicação e pelo profissionalismo. Sem isso não teria construído a carreira que construí— declarou em entrevista ao jornal El Observador logo após pendurar as chuteiras quando já planejava virar técnico.
Esse plano começou a ser traçado ainda nos seus últimos anos de carreira. Em sua última passagem pelo Nacional, ele teve como treinador Marcelo Gallardo. O atual comandante do River Plate é tido como um mentor de Medina que chegou a ser apontado como sucessor do argentino no Monumental de Núñez. Publicamente, Gallardo expressa palavras elogiosas ao seu ex-comandado.
— Faz um grande trabalho com o Talleres em uma estrutura que vem se mostrando em muito boa forma. Por mais que tenha perdido jogadores e tendo a necessidade de se renovar permanentemente, o Cacique tem mostrado que pode fazer isso com muita capacidade. Por lhe conhecer bem fico feliz que isso esteja acontecendo — declarou Marcelo Gallardo antes de enfrentar o Talleres de Medina pelo Campeonato Argentino, em outubro.
Ao mesmo tempo que mantém a bola relação com Gallardo, Medina faz questão de ressaltar que busca trilhar seu caminho e impor características próprias em suas equipes.
— Não me incomoda que me comparem com Gallardo. Estamos falando do melhor ou de um dos melhores técnicos da América do Sul e que está entre os principais do mundo. Então, que comparem o estilo de jogo do Talleres com o River Plate não me incomoda nada, porém prefiro seguir meu caminho. Quero marcar o meu próprio estilo — disse o uruguaio anos ao ser questionado sobre as comparações.
Mas Gallardo não é o único técnico argentino que virou referência para Medina. Antes de assumir o Nacional, Cacique esteve na Espanha para acompanhar treinos de Diego Simeone, no Atlético de Madrid, e também se encontrou com Gabriel Heinze para conhecer as metodologias de treinamento do ex-zagueiro da seleção argentina que comandou clubes como Vélez e Argentinos Jrs.
Exigente, mas de aproximação aos jogadores
A intensidade foi a característica de trabalho de Alexander Medina que atraiu o Inter. A forma como ele busca que suas equipes atuem tanto com a bola quanto sem é também marca do seu dia a dia.
Quem trabalhou com Medina ressalta a intensidade do treinador na entrega física que exige nos treinamentos quanto na sua dedicação a cada detalhe que envolve a preparação de um plano de jogo. Ao mesmo tempo que leva essa exigência para o trabalho diário, Medina também tem suas maneiras de se aproximar dos jogadores para criar um bom ambiente no vestiário. Uma delas é com participação direta nas atividades.
— Nos reduzidos (treinos realizados em partes menores do campo) nada importa para ele. Vai ao chão, se atira para jogar, faz gols e festeja como um de nós — contou Rodrigo Villagra, um dos volantes titulares do Talleres, em entrevista ao canal TyC, da Argentina.
Ídolo como jogador, Alexander Medina iniciou a carreira de treinador ainda na base do Nacional. Em 2018 estreou no comando da equipe principal, onde conquistou os títulos do Torneio Apertura e do Intermedio, mas acabou perdendo a decisão do Campeonato Uruguaio para o Peñarol.
Após deixar o Nacional, em dezembro de 2018, Medina iniciou em junho de 2019 a trajetória no Talleres, encerrada no último dia 23 quando já havia iniciado conversas com o Inter. Na Argentina, Cacique desenvolveu um trabalho que gerou elogios, mas não terminou em taças. Agora, ele chega a Porto Alegre com a missão de entregar um bom trabalho que consiga ainda aliar com a conquista de títulos, algo que o torcedor colorado não vê desde 2016.