Com a impossibilidade de contar com o recém-contratado Abel Hernández e com as condições médicas que acometem suas demais opções ofensivas, Eduardo Coudet, mais uma vez, vai precisar apelar para uma improvisação — ou pelo menos para uma readequação do sistema. Nesta quarta-feira, contra o Palmeiras, o Inter deve ter novamente um ataque formado por dois meias de origem.
Um será Thiago Galhardo. Goleador da equipe no campeonato, melhor jogador da competição até o momento segundo o troféu Bola de Prata, uma das mais tradicionais premiações do futebol brasileiro, ele tem atuado como centroavante e correspondido à altura, marcando gols e dando assistências.
Seu companheiro no setor é que será o mistério do treinador argentino até a hora da partida. Dois nomes concorrem, e ambos já tiveram oportunidades em vitórias coloradas nas duas últimas rodadas. Marcos Guilherme saiu jogando contra o Atlético-MG e D'Alessandro foi o titular diante do Botafogo.
Trata-se, é óbvio, de dois jogadores de características bem distintas. Em rápida análise, nota-se que D'Alessandro é muito mais participativo e cadenciador, enquanto Marcos Guilherme é veloz e combativo. Até o posicionamento médio de ambos em campo é diferente: o camisa 10 tende a partir da direita para o meio, enquanto o ex-jogador de Athletico-PR e São Paulo permanece mais nas laterais do campo.
Não é possível analisar os dois levando em conta apenas as partidas que iniciaram jogando. Isso porque foram jogos de contextos diversos. Contra o Atlético-MG, com o meia-atacante de 25 anos, o Inter abriu mão da posse de bola e baixou a linha de defesa para segurar a vantagem obtida nos primeiros minutos. Isso explica a participação do jogador na comparação com o meia argentino de 39 anos no jogo seguinte.
Enquanto Marcos Guilherme tocou na bola 27 vezes, D'Alessandro teve participação em 50 ações na partida seguinte, contra o Botafogo, na qual o time manteve o controle do jogo, mesmo após sair ganhando cedo. Por outro lado, Marcos Guilherme apareceu para dar combate mais vezes, cometeu duas faltas e fez dois desarmes. O capitão teve uma infração e não tirou a bola dos adversários.
Coudet explicou a utilização de seu compatriota contra o Botafogo:
— Pensei em D'Alessandro por uma questão posicional. Iniciávamos as jogadas de uma forma e depois tratamos de encontrar o lugar onde poderia receber livre, segurar a bola e nos fazer jogar. Como não temos um centroavante definido, trabalhamos para ter presença perto da área e da zona de finalização.
Marcos Guilherme também pode ser esse jogador. Na visão do técnico Claudinei Oliveira, um de seus treinadores no Athletico-PR, o atleta tem potencial para executar diversas funções no jogo.
— Comigo, ele era bem jovem, estava recém começando a vida no profissional. Tentei utilizá-lo sempre aberto, de qualquer lado do campo. Mas sempre foi muito disciplinado taticamente, por isso não precisa se limitar em uma função só. Vocês já devem ter reparado a entrega dele para o jogo, corre o tempo inteiro e mais um pouco. Então certamente vai dar o máximo para cumprir o que Coudet pedir — resume o treinador.
Diante do Palmeiras, o desafio é encontrar o equilíbrio entre a cadência e a qualidade de D'Alessandro com a velocidade e a dedicação de Marcos Guilherme. Na carência de atacantes, Coudet vai adaptando o que lhe resta do grupo.